quarta-feira, 8 de setembro de 2021

OS DEBATES DE LISBOA

Foi rasgadinho o debate a dois, ontem na TVI, depois de ter sido abaixo de cão o debate a sete, há cinco dias na SIC. Demonstrando, assim, quanto estes últimos — por muito mais democráticos que sejam — não resultam. Há cinco dias, não houve vencedores mas apenas vencidos, aliás todos (exceções pontuais foram uns fogachos da senhora do PAN e o humilde auto oferecimento de João Ferreira ao provável eleito); embora Medina se tenha limitado a adotar o posicionamento tático defensivo que é aconselhável para o incumbente (apenas prejudicado por um evitável fácies trocista). Ontem, Medina foi à luta e encostou claramente Moedas às cordas.


Entre outros aspetos, Medina denunciou o aproveitamento político de casos judiciais e uma campanha com base nas primeiras páginas do “Correio da Manhã”, afirmou não haver margem para descer mais impostos que já são os mais baixos da AML, acusou Moedas de não conhecer o tecido social da cidade e de prometer um “descontinho” na habitação, apelidou de “chocante” a ausência do clima no programa da coligação liderada pelo PSD e ainda recomendou ao antagonista que revisse as suas fontes sobre as 26 mortes na ciclovia da Capital que teriam ocorrido no ano precedente. Sempre agitando as acusações maiores de baixeza e de Moedas revelar não ter ideia nenhuma sobre a cidade de Lisboa.

 

Registe-se que o Moedas candidato a Lisboa tem vindo a surgir como um personagem algo misterioso ao arrasar sucessivamente, e por sua própria recreação, os elementos de boa imagem pessoal e política que tinha generalizadamente construído nos tempos da Troika e, sobretudo, do seu exercício na Comissão Europeia e da sua generosa decisão de abandonar a Fundação Gulbenkian para abraçar a atual candidatura. Houve mesmo momentos confrangedores, quer em termos de impreparação substantiva de alguns dossiês quer em termos de quase candura tática e argumentativa. Com Medina, já dotado de um calo apreciável, a ganhar confiança crescente e a acabar a fazer gato sapato do adversário, que qualificou recorrentemente de ”camaleão”.

 

Medina já ganhou? Tudo o indica, visto que cada dia que passa é menos um para que Moedas consiga recuperar do atraso muito significativo que leva nas sondagens. Mas, como papagueiam os políticos, a verdadeira sondagem será a das urnas de Domingo 26 e até lá muita água ainda pode correr debaixo da ponte; sendo que candeia que vai à frente... Neste quadro, dirijo apenas uma questão final a Fernando Medina: não reconhece o bem que lhe faria esforçar-se por abandonar o tique imitativo que interiorizou a partir do “chefe” e o leva a iniciar a maioria das suas respostas com um irritante ruído que soa “amcábé” e deve querer significar “vamos cá ver”?

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