Abrem este post dois gráficos com ligeiras variações para chamar a atenção para uma das grandes mudanças demográficas no mundo que se concretiza no corrente ano: a da ultrapassagem da China pela Índia como país mais populoso do planeta. Um fenómeno de alta significância e potencial, evidenciando uma China já em queda demográfica e uma Índia ainda em crescimento populacional por mais algumas décadas (até meados dos anos 60 deste século, segundo as estimativas das Nações Unidas que estão subjacentes a esta informação).
Este facto ocorre poucos meses depois de a população mundial ter atingido os 8 mil milhões de pessoas e num contexto em que (gráfico imediatamente seguinte, acima) o continente asiático já dá sinais de perda relativa da sua posição muito dominante à escala global (estima-se que chegará ao final do século com 45% do total, depois de já ter andado pelos 55% e de estar atualmente em torno de 50%), por contraposição a um continente africano em marcado crescimento afirmativo (9% do total em 1960, 17% hoje e 38% em 2100).
Neste quadro, é a posição europeia que surge especialmente enfraquecida, visto que os seus atuais 6% da população mundial (versus 12% em 1960) ainda irão cair para menos de 4% nos próximos cinquenta anos ― ademais, e segundo um relatório recente da Comissão Europeia, a população em idade ativa na União terá diminuído em 3,5 milhões de pessoas entre 2015 e 2020 e irá perder uns impressionantes 35 milhões de pessoas adicionais até 2050.
Uma abordagem séria deste tópico central do tempo presente exige incursões múltiplas por uma vasta quantidade de matérias distintas e dotadas de complexidade e incerteza. O que me proponho vir a realizar em próximos posts dedicados. Mas, dado que a origem de tudo acaba por estar na natalidade, adianto desde já alguma coisa sobre tal matéria, acima pondo em evidência a visível queda das respetivas taxas no conjunto da União ao longo dos últimos sessenta anos e abaixo ilustrando o estado em vários países do mundo de um indicador conexo (número de crianças por mãe). A este respeito, e para além de várias observações curiosas (do outlier Israel à falta de dinâmica nipo-coreana e à variabilidade das situações europeias), atente-se, nomeadamente, em quanto se pode registar mais uma significativa fragilidade da Europa do Sul (Espanha, Itália, Grécia e Portugal); o que reclama políticas públicas ativas e de abertura à imigração que não apenas não têm encontrado uma expressão coerente nessas paragens como até vão sendo objeto de crescentes limitações ideologicamente impostas (veja-se o caso da Itália de Meloni). Cá voltarei, então.
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