quarta-feira, 12 de abril de 2023

BOAVENTURA NA BERLINDA

Não sei, nem em bom rigor me interessa saber, se são verdadeiras as acusações de assédio e violação no CES da Universidade de Coimbra. Embora a forma como o assunto veio a lume não seja a mais canónica, com três investigadoras a denunciarem a situação num capítulo de livro de edição britânica (“Sexual Misconduct in Academia”) sem qualquer referência a nomes em concreto, tudo parece indicar que o referenciado “Professor Estrela” (peça-chave das “dinâmicas de poder” da instituição) seja Boaventura Sousa Santos (BSS) e que o “Aprendiz” seja Bruno Sena Martins; ao que haverá também que adicionar mais uma cúmplice, a designada “Watchwoman”. Estranhezas à parte, o facto é que a matéria, que pode conter elementos de gravidade, não é demasiado datada no tempo (entre menos de cinco anos e pouco mais de uma década), o que lhe confere um plus de substância.

 

E porque trouxe eu o tema a este espaço? Principalmente, e em primeiro lugar, porque foram sendo frequentes as alusões ou insinuações que fui ouvindo, ao longo de todo este tempo de vigência de BSS no exercício de um manifesto poder de facto (com implicações controversas e de efeitos frequentemente duvidosos) nas Ciências Sociais coimbrãs e nacionais, as práticas autoritárias e discriminatórias alegadamente associadas ao modo de estar do dito. Depois, e sublinho-o, porque não faltam os exemplos de anos e anos de opções inconsequentes, injustas e populistas publicamente assumidas por parte de um BSS que sempre procurou cavalgar a onda que lhe proporcionasse diferenciação e notoriedade (sem prejuízo da qualidade intelectual que também detém). Dito de outro modo: fora este “escândalo” apresentado com reporte a outra realidade e cá teríamos tido BSS a atirar-se aos supostos autores em nome da defesa da igualdade de género, dos direitos da mulher ou da democracia pura e dura. Repito: não sei se BSS é culpado ou inocente, alguma instância o esclarecerá (ou não) em devido momento, mas lá que BBS está a beber do veneno que longamente semeou, lá isso está... E assaz merecidamente, diga-se.


(Felipe Hernández, “Caín”, http://www.larazon.es)

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