segunda-feira, 10 de abril de 2023

UMA QUESTÃO DE ESCOLHAS

 


(Coimbra está segundo relato das notícias ao rubro em matéria de debate político, e só isso representa um facto de registo naquela Cidade, tão presa entre as tradições e um futuro que não se adivinha facilmente. A razão do alvoroço é simples. Creio que na reunião de amanhã, o Executivo municipal liderado pela coligação Juntos somos Coimbra (PSD, CDS-PP, Nós,Cidadãos!, PPM, Aliança, RIR e Volt) e por José Manuel Silva, uma das grandes vitórias-surpresa das últimas autárquicas, aprovará um apoio de 400.000 euros à empresa Álvaro Covões Everything is New a propósito dos quatro concertos dos Coldplay naquela Cidade. O desenvolvimento e a competitividade urbanos têm emergido como oportunidade de novas escolhas de alocação de recursos públicos, cada um sabe de si e as armas que pode utilizar e é sobre a argumentação do Executivo que veio a lume para explicar a decisão política de amanhã que interessa dedicar alguma atenção e os que gostam dos Coldplay que aproveitem, que por mim passo e amigos como dantes.)

Nos argumentos que pude recolher entre a imprensa nacional e regional/local avulta a do impacto económico dos quatro concertos, os 200.000 bilhetes já vendidos e o facto de segundo números da organização 3,8% dos mesmos ter origem em pedidos provenientes de fora do distrito. O argumento é conhecido e existem alguns estudos, muito poucos, estou a lembrar-me do estudo realizado por uma equipa da Universidade do Minho da Escola de Economia e Gestão que quantificou os impactos económicos da capital da Cultura em Guimarães, que nos alertam para a relevância destes eventos. Como é óbvio, esses impactos não podem deixar de ser avaliados à luz de outras escolhas possíveis e aí o debate político não abunda, tamanha foi a febre da competitividade urbana que grassou por aí.

Mas o que me “encantou” foi o argumento vindo creio eu do próprio José Manuel Silva, de que o objetivo será colocar Coimbra na rota dos grandes eventos mundiais.

Ironicamente, não pude deixar de me recordar de alguém que me dizia também com ironia que uns dias após o atentado às Torres Gémeas em Nova Iorque, alguém residente nos Carvalhos, Vila Nova de Gaia, manifestava a sua preocupação pelo risco de viver numa das “torres” mais altas desse aglomerado.

Isto de viver entre a tradição e um rumo indeterminado não é nada fácil, para qualquer coligação.

 

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