Completam-se hoje 18 anos sobre o dia em que se realizou o concerto de abertura da Casa da Música (CdM). Uma data emblemática para uma entidade que, a despeito dos diversos problemas que a foram atravessando ao longo destes anos, já representa uma marca identitária da Cidade e da Música em Portugal. Suspeito que sou, desde logo enquanto frequentador e titular de assinaturas anuais mas também agora enquanto membro não executivo (e não remunerado) do Conselho de Administração, não posso perder esta oportunidade para aqui assinalar o lado histórico deste 14 de abril e sublinhar convictamente quanto entendo que a cidadania e a cultura devem à Instituição e à larga maioria dos seus diversos responsáveis temporais.
De facto, e ao contrário do que algumas vozes pouco verdadeiras e muito maledicentes têm tentado fazer crer, a CdM construiu e consolidou um projeto artístico único (incluindo cinco agrupamentos, um Serviço Educativo exemplar e uma oferta eclética de concertos ― um crítico do “Expresso” escreveu, sintomaticamente, que “a programação é inteligente e poliédrica como a Casa”) que não apenas honra a Cidade e ajuda a fazer dela uma Cidade Europeia de primeira linha (desde logo porque possuidora de uma Orquestra Sinfónica de alto nível) como contribui para a criação e formação de públicos diversificados. Não é este, obviamente, o lugar adequado para deixar balanços exaustivos mas importará, ainda assim, sublinhar os seguintes elementos comprovativos de uma presença indiscutível e ímpar em termos locais, regionais, nacionais e internacionais: 5 mil concertos e 3,5 milhões de espectadores; 18 mil atividades educativas para 200 mil participantes (designadamente provenientes de mil grupos comunitários com dominância para alguns menos integrados e de alunos de mais de 150 escolas por ano); 260 encomendas de novas obras musicais (sendo 146 de compositores portugueses); a presença em palco de alguns dos mais reputados artistas, compositores, maestros, músicos, solistas e performers do circuito internacional (além de grandes promessas e novos talentos e valores da música nacional e internacional); a significativa estreia anual de obras (incluindo uma quinzena por ano à escala mundial); o estímulo à criação e à inovação (como ocorre no contexto do núcleo de investigação e produção tecnológica digital); a inserção em redes internacionais e as parcerias com importantes salas de concerto; as digressões nacionais e para fora de fronteiras; os 500 mil visitantes não residentes já registados.
Neste quadro, forçoso será reconhecer quanto é enorme o privilégio associado à existência de uma Casa da Música no Porto que sirva todas as músicas (eruditas e não eruditas, digamos assim enquanto ninguém propuser uma fórmula mais rigorosa de separação entre os concertos sinfónicos, de câmara, corais ou de piano e os espetáculos de jazz, pop-rock, fado, música popular portuguesa, música popular brasileira e world music, eletrónica ou DJ’s) e seja devidamente complementada no seu escopo pelas oficinas, espetáculos, atividades de formação e projetos especiais (comunidades, pessoas em situação ou risco de exclusão, pessoas com necessidades especiais, coro infantil de escolas, etc.) desenvolvidos pelo Serviço Educativo. Daí que daqui apele a um mais focado reforço da parceria entre o Estado enquanto principal financiador da Instituição e a sociedade civil do Porto e do País que historicamente tanto tem sido capaz de pôr de pé e consolidar o que de bom e diferenciador promova ou se lhe apresente ― uma responsabilidade que é também um desafio de largo espetro numa conjuntura difícil e complexa como a presente.
Mas, e por enquanto, insto os leitores do Grande Porto a celebrarem a maioridade da CdM num ou em vários dos 18 eventos selecionados para o efeito, a começar já hoje pelo concerto de despedida do maestro (Leopold Hager) e a prolongar-se nas próximas duas semanas com iniciativas para quase todos os gostos e que estão divulgadas no site, nas redes sociais e através da comunicação social. Longa vida e parabéns à Casa da Música!
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