Eu sei que o futebol de ataque é que enche os estádios,
que uma equipa em evolução coletiva para a baliza adversária é algo de
insubstituível num jogo de futebol. Mas já há muito que não sou um espectador de
mainstream e que me atraem no futebol mais os pequenos pormenores do que uma
fulminante cavalgada em direção ao fundo da baliza. Sou um fanático da defesa
coletiva, da que é flexível, da que se movimenta como uma báscula, tapando
qualquer ponto fraco passível de ser utilizado pelo adversário como um cavalo
de troia no seio de uma defesa. Se fosse possível, veria sempre o futebol na bancada
por detrás de cada baliza ou então com uma câmara também flexível situada algures
nessa posição. É o melhor ângulo para se acompanhar a báscula de uma defesa, a
sua entreajuda, a capacidade de preencher espaços que se abrem pela imaginação
e criatividade do adversário. E isso é tanto mais fascinante quando do outro
lado estiver uma equipa de pujante futebol ofensivo como o são as equipas do
inenarrável Jorge Jesus.
Pois ontem, às voltas com um Ipad que frequentemente
colocava a NOS on line em pura
meditação, não pude chegar ao pormenor de análise de verificar se a defesa do
glorioso se comportou como uma verdadeira báscula. Mas que defendeu bem, não há
dúvida, e colocar um jovem sueco com aquela maturidade, flexibilidade e sentido
de lugar que o Lindelof hoje apresenta é um caso raro de laboratório.
E dá mais gozo ver a jactância de Bruno e Jesus ser
travada pela defesa. E ainda dá mais gozo perceber que o adversário falha
sobretudo pela banda do alter ego de Jorge Jesus no campo, o costa-riquenho Bryan
Ruiz. O
caso de golo falhado com a baliza aberta e quando a defesa já tinha aberto
inexoravelmente a frente é dos tais casos em que a certeza e inevitabilidade do
golo precipita a desconcentração e o desastre. Ou então, o que daria ainda mais
gozo, estaríamos a falar de um ressalto provocado por uma relva mal cuidada, o
que para as pretensões da gestão perfeita de Bruno de Carvalho daria ainda mais
que falar.
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