domingo, 6 de março de 2016

A DEFENDER TAMBÉM SE GANHA





Eu sei que o futebol de ataque é que enche os estádios, que uma equipa em evolução coletiva para a baliza adversária é algo de insubstituível num jogo de futebol. Mas já há muito que não sou um espectador de mainstream e que me atraem no futebol mais os pequenos pormenores do que uma fulminante cavalgada em direção ao fundo da baliza. Sou um fanático da defesa coletiva, da que é flexível, da que se movimenta como uma báscula, tapando qualquer ponto fraco passível de ser utilizado pelo adversário como um cavalo de troia no seio de uma defesa. Se fosse possível, veria sempre o futebol na bancada por detrás de cada baliza ou então com uma câmara também flexível situada algures nessa posição. É o melhor ângulo para se acompanhar a báscula de uma defesa, a sua entreajuda, a capacidade de preencher espaços que se abrem pela imaginação e criatividade do adversário. E isso é tanto mais fascinante quando do outro lado estiver uma equipa de pujante futebol ofensivo como o são as equipas do inenarrável Jorge Jesus.

Pois ontem, às voltas com um Ipad que frequentemente colocava a NOS on line em pura meditação, não pude chegar ao pormenor de análise de verificar se a defesa do glorioso se comportou como uma verdadeira báscula. Mas que defendeu bem, não há dúvida, e colocar um jovem sueco com aquela maturidade, flexibilidade e sentido de lugar que o Lindelof hoje apresenta é um caso raro de laboratório.

E dá mais gozo ver a jactância de Bruno e Jesus ser travada pela defesa. E ainda dá mais gozo perceber que o adversário falha sobretudo pela banda do alter ego de Jorge Jesus no campo, o costa-riquenho Bryan Ruiz. O caso de golo falhado com a baliza aberta e quando a defesa já tinha aberto inexoravelmente a frente é dos tais casos em que a certeza e inevitabilidade do golo precipita a desconcentração e o desastre. Ou então, o que daria ainda mais gozo, estaríamos a falar de um ressalto provocado por uma relva mal cuidada, o que para as pretensões da gestão perfeita de Bruno de Carvalho daria ainda mais que falar.  

Sem comentários:

Enviar um comentário