(Fernão Campos, http://ositiodosdesenhos.blogspot.pt)
Foi a questão do dia por cá, a insensata aceitação por Albuquerque de funções de administração no grupo britânico “Arrow Global”. E, pelo andar da carruagem, vai sê-lo por bastante mais tempo, sobretudo se a dita senhora ex-ministra das Finanças insistir em não abandonar o seu lugar de deputada na Assembleia da República. Haverá em todo este assunto muito por onde regressar à velha questão da “mulher de César”, assim como muito por onde justificar o exercício de um forte escrutínio e da possível vigilância democrática (se é que tal ainda existe!), tanto mais quanto atentemos no facto de estarem sob especial foco os ativos do Banif que o Santander não quis sob sua alçada e assim deixou sob a do Estado. Mas, mais do que quanto se nos possa oferecer dizer em torno de tudo isso – o que já não será pouco –, o que me pareceu mais estranho, e até quase suspeito, foram os mal amanhados e recuadamente defensivos argumentos usados pela senhora em precipitado comunicado, desde o de que não condicionou ou influenciou “nenhuma decisão tomada pela empresa no passado” (mas alguém o tinha referido?) ao de que só vai ter funções “de natureza estritamente não executiva” (afinal, uma mera questão de remuneração!) ou de que não irá participar nas “decisões sobre negócios em concreto” (é bom que avise, regista-se!) ao de que o objetivo da sua contratação é tão-só o de que venha “aportar valor à empresa sobre matérias de enquadramento macroeconómico e regulatório ao nível europeu” (áreas manifestamente cruciais para a estratégia do grupo britânico e áreas em que o mesmo estava certamente em carência!) – brincamos é?
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