Mais ou menos quando completar 64 anos, em setembro próximo, o professor John L. Hennessy abandonará a presidência de uma das mais prestigiadas universidades mundiais (Stanford), função que competentemente tem vindo a ocupar desde há já quase dezasseis anos. Aquele que alguém quis homenagear com a talvez exagerada atribuição do cognome de “padrinho de Silicon Valley” andou por estes dias pelo continente europeu num périplo de promoção da sua última grande realização: um fundo de 700 milhões de dólares, recentemente lançado em associação com Philip Knight (Nike) e apresentado como destinado a atrair a “nova geração de líderes mundiais”. De uma entrevista de Hennessy ao “Le Monde” ressaltaram-se-me especialmente os dois tópicos que a imagem acima reproduz: um não deixa de ser já quase convencional, ao sublinhar a cada vez mais irredutível sinuosidade e imprevisibilidade do mercado de trabalho numa sociedade e economia globais em fulgurante evolução tecnológica; o outro, mais surpreendente, tem uma candência que as notícias que quotidianamente nos atingem se vão encarregando de aflitivamente validar – trata-se da defesa do ensino da Ética nas universidades desde o primeiro ano, seja pelo lado das respetivas grandes questões associadas às diferentes especialidades e profissões seja pelo lado da disciplina filosófica enquanto tal e do seu insubstituível contributo para estimular e desenvolver a “capacidade de pensar”. Mesmo que o assunto tenha muito que se lhe diga, sobretudo em termos de formadores indiscutíveis no plano da preparação e da experiência (arrisco a dizer que a concretização seria desastrosa em Portugal...), a sua perceção em Stanford e a tendência que a mesma encerra serão certamente muito interessantes de observar e valorizar!
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