O diagrama que o El País hoje publica na sua edição é o
primeiro em que se representa o avanço que se tem observado das forças populistas
e nacionalistas de direita na Europa, que correspondem a emergências anteriores
à crise e impotência europeia para com os refugiados, embora claramente reforçados
à custa da exploração dos custos do descontrolo europeu relativamente a esse
fenómeno. O diagrama dá conta da manifestação expressiva que essa emergência representa,
a qual é substancialmente reforçada pelos resultados das três eleições
regionais alemãs do último fim-de-semana.
Estas eleições embora tenham produzido resultados para
todos os gostos, isto é, com uma eleição a consolidar a posição dos verdes (Baden-Wutemberg)
e outra a salvar a face do SPD (Renânia), elas não podem ser desligadas da
profunda derrota do partido da senhora Merkel e a ascensão significativa do
populismo nacionalista de direita da AfD. E na Saxónia a CDU venceu mas tem a
AfD a morder-lhe os tornozelos e, não se esqueça isso, neste último Estado à
frente do SPD, sim para memória futura.
Pelo teor das reações pós-derrota de domingo, parece
poder depreender-se que Merkel optou por jogar ao ataque, continuando a
defender uma solução europeia para a resolução da referida crise. Saberemos nos
próximos dias se esta reação é para eleitor ver ou se, pelo contrário, a sua
gestão diária futura da crise dará sinais de cedência à pressão política provocada
pela ascensão da AfD e certamente das repercussões internas na CDU que tal
pressão tenderá a provocar. O jornalista do El País faz-se eco da evidência que
todos pressentimos na semana passada: Merkel foi mais defendida na campanha eleitoral
pelos candidatos vencedores dos Verdes e do SPD do que pelos seus próprios apoiantes
candidatos. O que, por si só, é eloquente do que poderá passar-se nos próximos
tempos.
Já há muito tempo que intuo que a abordagem mais
progressista e europeia à crise dos refugiados passará irreversivelmente por um
apoio às posições da própria Ângela Merkel, a única que parece neste momento na
Europa poder assumir tal papel. A história tem destas coisas, mas é nestes
momentos que o discernimento não nos pode faltar. É um sinal dos tempos, mas
basta olhar para o mapa do El País para o compreender.
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