segunda-feira, 14 de março de 2016

ESTÃO DISPOSTOS A APOIAR FRAU MERKEL?





O diagrama que o El País hoje publica na sua edição é o primeiro em que se representa o avanço que se tem observado das forças populistas e nacionalistas de direita na Europa, que correspondem a emergências anteriores à crise e impotência europeia para com os refugiados, embora claramente reforçados à custa da exploração dos custos do descontrolo europeu relativamente a esse fenómeno. O diagrama dá conta da manifestação expressiva que essa emergência representa, a qual é substancialmente reforçada pelos resultados das três eleições regionais alemãs do último fim-de-semana. 


Estas eleições embora tenham produzido resultados para todos os gostos, isto é, com uma eleição a consolidar a posição dos verdes (Baden-Wutemberg) e outra a salvar a face do SPD (Renânia), elas não podem ser desligadas da profunda derrota do partido da senhora Merkel e a ascensão significativa do populismo nacionalista de direita da AfD. E na Saxónia a CDU venceu mas tem a AfD a morder-lhe os tornozelos e, não se esqueça isso, neste último Estado à frente do SPD, sim para memória futura.

Pelo teor das reações pós-derrota de domingo, parece poder depreender-se que Merkel optou por jogar ao ataque, continuando a defender uma solução europeia para a resolução da referida crise. Saberemos nos próximos dias se esta reação é para eleitor ver ou se, pelo contrário, a sua gestão diária futura da crise dará sinais de cedência à pressão política provocada pela ascensão da AfD e certamente das repercussões internas na CDU que tal pressão tenderá a provocar. O jornalista do El País faz-se eco da evidência que todos pressentimos na semana passada: Merkel foi mais defendida na campanha eleitoral pelos candidatos vencedores dos Verdes e do SPD do que pelos seus próprios apoiantes candidatos. O que, por si só, é eloquente do que poderá passar-se nos próximos tempos.

Já há muito tempo que intuo que a abordagem mais progressista e europeia à crise dos refugiados passará irreversivelmente por um apoio às posições da própria Ângela Merkel, a única que parece neste momento na Europa poder assumir tal papel. A história tem destas coisas, mas é nestes momentos que o discernimento não nos pode faltar. É um sinal dos tempos, mas basta olhar para o mapa do El País para o compreender.

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