segunda-feira, 28 de março de 2016

EM GRANDE E EM MENOS GRANDE

(A Criada Malcriada, http://www.sabado.pt)

Já ninguém duvida de quanto é enorme e tentacular o espampanante caso “Operação Lava Jato” (OLJ) que pôs o Brasil num estado catártico e até quase tornou desprezível o “Mensalão” e outros que o precederam nessa sina corruptiva que não há meio de largar as sociedades latino americanas.

Este medonho emaranhado também parece ter salpicado cá para a “Terrinha”, onde alguns nomes publicamente sonantes da política e dos negócios poderão ter-se oferecido e prestado a desempenhar papéis secundários na fita ou agarrado o furo de nela acederem a côdeas marginais. Cada um caça com as armas que tem à mão, das mais sofisticadas dos verdadeiros artistas (“em grande”, portanto) às mais pobrezinhas dos seus comissionistas (“em menos grande”, digamos, embora nada desinteressantes em termos de contas pessoais)!

Veja-se abaixo, a título de mera ilustração, o modo como uma investigação do “Público” tratava em 2012 os chamados “negócios transatlânticos do antigo chefe da Casa Civil de Lula” (José Dirceu) ou o modo como há poucos dias o “Jornal i” procurava as “ligações perigosas” da OLJ com Portugal – curiosamente, ou talvez não, duas situações em que marca presença essa obscura empresa Ongoing (salvé Agostinho Branquinho!) que tanta “gente boa” conseguiu tentar (salvé José Eduardo Moniz!) e que acaba de lograr concretizar a proeza de fazer desaparecer o “Diário Económico” das bancas portuguesas de jornais. Atente-se ainda no modo indigno como São Ricciardi passa ao lado de uma provável incriminação pessoal decorrente de escutas no nosso “caso BES” para se por a prenunciar uma situação parecida com o Lava-Jato como resultante da liderança do seu primo Ricardo Salgado de que foi cúmplice enquanto deu.




Mas não é a OLJ que aqui me traz hoje, antes o sublinhado dessa pequenez mais ou menos amadorista dos galhardos protagonistas nacionais. Umas criaturas que se especializaram ao longo dos anos em intervenções diversificadas e não especialmente imaginativas e que podem ser reconduzidas a categorias capturantes classificáveis sob o genérico espetro do amiguismo, do clientelismo ou do compadrio. Sempre, obviamente, com a inerente incorporação de proveitos próprios. Não indo muito atrás no tempo, focando só estas semanas e meses mais próximos, aí ficam algumas parangonas desigualmente gravosas mas invariavelmente exemplificativas de que a coisa pública tem pano para muitas mangas de abuso e/ou de que quem tem amigos não morre na cadeia...

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