quarta-feira, 9 de março de 2016

O GOVERNADOR: PONDERAÇÃO E DIGNIDADE


Não vou comentar em detalhe a primeira grande entrevista do governador do Banco de Portugal. Estendida por duas semanas dessa instituição nacional que é o “Expresso”, a dita é demasiado longa e cheia de detalhes para permitir apreciações muito concretas e focadas a respeito dos temas cruciais do momento. Deixo por isso o mero mas claramente positivo sublinhado de dela emergir um posicionamento sereno e inteligente, como é de exigir ao titular de um tal cargo e como é timbre da pessoa de Carlos Costa. Sublinhado que faço acompanhar de uma viva sugestão de leitura atenta, acima aperitivada por um subtítulo que reputo de profundamente clarividente.

Em tempo, e porque esse foi um dos temas que a dada altura constituiu uma das minhas maiores interrogações pessoais neste espaço, abaixo reproduzo as perguntas e respostas relacionadas com tal e tão melindrosa matéria. Que, diga-se, resulta cada vez menos controversa se registarmos devidamente o corajoso sentido de algumas afirmações produzidas: que havia na época “uma vontade de ensaiar uma via alternativa aos programas que tinham sido aplicados na Grécia e na Irlanda”, que “isso explica porque é que o BCE e a Comissão Europeia se empenharam tanto na aprovação de um plano dessa natureza” e “a boa vontade da chanceler alemã em relação ao PEC IV”, que essa “foi talvez a única vez em que houve uma declaração conjunta da Comissão e do BCE, com a simpatia de outros atores, em relação à necessidade de se avançar com um programa de ajustamento diferente” e que “nós iríamos fazer os ajustamentos que tínhamos que fazer, mas debaixo de uma outra condição”, entre várias considerações de significativa relevância em si e por si. Na minha humilde perspetiva, esta leitura ajuda largamente a encerrar o assunto e não só vem pôr a nu a pequenez partidária e antinacional de Miguel Relvas e Marco António Costa e a agarotada ambição de Pedro Passos Coelho como também a indesculpável conivência de Aníbal Cavaco Silva, o oportunismo comilão de Paulo Portas e a indigente inconsciência política e patriótica de quem assumiu e partilhou responsabilidades decisórias no PSD daqueles anos. Disse.

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