As três dimensões mais marcantes do processo de
globalização são os fluxos comerciais de bens e serviços (globalização económica),
os fluxos de capitais (globalização financeira) e os movimentos de pessoas
(globalização das pessoas). Se atendermos aos resultados de investigação
recente promovida e publicada pelo McKinsey Institute, estas três dimensões, após terem crescido incessantemente nos últimos
20 anos, caem em percentagem do PIB após 2007-2008. O relatório merece ampla e
atenta leitura, pois traz-nos algumas evidências que contrariam o que começáramos
a assumir como algo de irreversível. Assim, os dados revelam que parece
confirmar-se a tendência para o “reshoring”
que já havíamos aqui documentado a propósito da economia americana. O
crescimento do consumo de bens manufaturados está a processar-se a ritmos mais
elevados do que o comércio internacional, o que indica que se consome mais onde
os produtos são ultimados.
Além disso, o relatório descreve o encurtamento das
cadeias de valor globais, com cerca de metade das categorias de bens intermédios
a ver os seus fluxos comerciais diminuídos. É verdade que tal como Tim Taylor o assinala com pertinência, a globalização das pessoas parece ter sido a dimensão
que mais resistiu, embora a movimentação de pessoas se concretize mais em
deslocamento de curto prazo como os fluxos do turismo e dos estudantes (ver gráfico
abaixo).
Mas o dado mais marcante do relatório da McKinsey é a
consolidação do que devemos considerar uma nova dimensão da globalização, o
mundo do digital e o que ele representa do ponto de vista da construção de
mercados cada vez mais globais.
O diagrama-imagem que abre este post confirma que a massa
de utilizadores de algumas plataformas on
line ultrapassa a população dos países gigantes demográficos. A tangibilidade
da velha globalização parece em vias de ser substituída pela intangibilidade da
nova globalização, num mundo em que os start-up’s
são globais desde o seu aparecimento no mercado. Mas o que é relevante é que a
relevância da globalização digital e das modalidades de comércio (o comércio
eletrónico, por exemplo) não parece ter sido suficiente para contrariar a queda
do comércio mais tradicional de bens e serviços em percentagem do PIB. É questão
que merece uma revisita e a leitura do relatório da McKinsey vai para a fila de
espera pessoal.
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