É verdade que a China atravessa atualmente uma complexa situação económico-financeira em resultado de um avolumar de contradições intrínsecas ao seu modelo de crescimento, mas é-o também que a China foi indiscutivelmente um dos motores da economia global desde o início do século e um dos grandes agentes de dinâmica a operar nesse quadro.
Vejamos então como se comportaram ao longo desse mesmo período os Estados membros da União Europeia na sua relação comercial com a China. Começo por uma nota relativamente neutra: em termos de volume exportador, apenas sete países contam enquanto presença europeia no mercado chinês (por ordem crescente de importância: Suécia, Bélgica, Holanda, Itália, França, Reino Unido e Alemanha; sendo estes dois últimos os únicos com peso em ascensão, de 6,7% em 2002 para 11,9% em 2014 e de 41,5% para 45,5%, respetivamente).
Mais substantivamente, agora: nos anos de referência (2002 para o arranque do século e do Euro, 2008 para a crise e a viragem a ela associada e 2014 para o momento atual), os défices comerciais com a China são uma constante e em forte degradação para praticamente todos os países da União Europeia, sendo a Alemanha destes tempos mais próximos a única verdadeira exceção a tal regra (passando de um défice de 4,5 e 17,4 milhões em 2002 e 2008 a um excedente de quase 14 milhões no presente) – o gráfico que abre este post evidencia esta realidade de modo muito saliente ao pôr em confronto a evolução do saldo comercial alemão e do saldo comercial conjunto dos restantes 27. Porque será? Não haverá por aqui uma qualquer ligação, ínfima que seja, entre estas evidências e a estratégia político-económica dessa “Europa alemã” de que o senhor Schäuble surge como o grande arauto e o principal guardião?
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