quarta-feira, 16 de março de 2016

OS AMIGOS DE ALEXIS

(vinheta de Placide, http://www.bar-a-mines.com)

Este post nasce sob o estímulo de um artigo do “Le Monde” que, embora contendo uns indisfarçáveis laivos especulativos, não apenas parece ter o seu ponto como pessoalmente me cubicou por corresponder a uma hipótese que vai invadindo o meu subconsciente desde que Tsipras chegou ao poder na Grécia. Será ela mais a de uma atração essencial dos social-democratas europeus em relação a ele ou a de uma tendencial conversão dele à supostamente realista agenda da esquerda reformista? Pois, acho eu, nem uma nem outra em total rigor: os social-democratas continuam a tatear desgovernadamente em torno de respostas nada corajosas e pouco esclarecidas (porque estritamente institucionais e dominantemente conjunturais) às sucessivas manifestações de uma crise que é da máxima gravidade e, nessa perspetiva e com o PASOK reduzido a quase nada, veem com bons olhos uma aproximação tática a um primeiro-ministro em exercício de funções; Tsipras, por seu lado, reconhece a sua obrigatória coincidência de interesses com “as forças progressistas europeias” (chamemos-lhes antiausteritárias e críticas da “Europa alemã”) mas tem problemas gigantescos para preservar a coesão do seu bloco de apoio interno. Assim sendo, a presença enquanto observador de Tsipras no grand rassemblement dos dirigentes socialistas europeus que Hollande organizou este Sábado no Eliseu poderá não ter passado de uma simples visita circunstancial ou de cortesia, mas o que é certo é que o líder do PSE no Parlamento Europeu lá foi dizendo que “a entrada do Syriza na família dos social-democratas europeus não está de momento na mesa” – ora, até seria provavelmente bom que estivesse e que uma “família” tão cheia de primos demasiado afastados (Fico é apenas um exemplo mais caricatural) pudesse contar com o sentido político e a energia mais radical de Alexis...

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