quinta-feira, 10 de março de 2016

TENHAMOS A ESLOVÁQUIA DEBAIXO DE OLHO





Os tempos na Europa são de desagregação e completa desconfiança nos destinos do projeto europeu. No centro e leste da Europa a situação é pior. Se mais para os lados do Atlântico há sinais de fogo, no centro e no leste o fogo parece ter já irrompido. Já o sabíamos a partir dos boletins meteo-políticos por exemplo na Hungria e na Polónia (neste último país a santa aliança entre Presidente e Primeira-Ministra é aterradora). É altura de começar a ter debaixo de olho a Eslováquia.

Até aqui os partidos que têm passado pela governação manifestaram até agora um sentido nulo de pertença a uma solidariedade europeia. Mas as mais recentes eleições trouxeram novidades. O partido fascista e nacionalista do L’SNS conquistou o estatuto de quinta força política do país, obtendo a adesão de cerca de 23% dos novos votantes. Os criminosos de guerra nazis são alcandorados a heróis nacionais e o ódio à população cigana é hoje aberto no ideário de tal partido. O senhor Kotleba não é simplesmente um cromo mas antes um personagem perigoso, de ideário e postura fascista e encontra a sua glória no desenterrar do passado nazi do país e dos valores associados a esse passado.

Radovan Geist no Social Europe interroga-se sobre a questão de saber se o isolamento político a que o L’SNS tem sido votado corresponde a um duro e consistente combate aos valores fascistas ou se é apenas a reação circunstancial de quem não tem conseguido formar governo. As posições assumidas pelas forças políticas que agora procuram formar governo em relação à crise de refugiados anunciam o pior apesar desse propósito de isolamento político do partido fascista.

A emergência dos sinais fascizantes na Eslováquia mostra que a Europa está cada vez transformada num projeto económico que mais do que a lógica de afirmação do mercado interno único é antes o resultado de um determinismo diretorial, cada vez mais acantonado e que tem como reverso da medalha a lenta emergência das mais sérias ameaças à democracia e aos valores que estruturavam a cabeça de fundadores. Quando a essas ameaças se acrescenta a lenta mas segura recuperação de valores fascizantes que resultam de um património de guerra nesses países como acontece na Eslováquia, alguém tem de pôr mão nisto.

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