Os tempos na Europa são de desagregação e completa desconfiança
nos destinos do projeto europeu. No centro e leste da Europa a situação é pior.
Se mais para os lados do Atlântico há sinais de fogo, no centro e no leste o
fogo parece ter já irrompido. Já o sabíamos a partir dos boletins meteo-políticos
por exemplo na Hungria e na Polónia (neste último país a santa aliança entre
Presidente e Primeira-Ministra é aterradora). É altura de começar a ter debaixo
de olho a Eslováquia.
Até aqui os partidos que têm passado pela governação manifestaram
até agora um sentido nulo de pertença a uma solidariedade europeia. Mas as mais
recentes eleições trouxeram novidades. O partido fascista e nacionalista do L’SNS
conquistou o estatuto de quinta força política do país, obtendo a adesão de
cerca de 23% dos novos votantes. Os criminosos de guerra nazis são alcandorados
a heróis nacionais e o ódio à população cigana é hoje aberto no ideário de tal
partido. O senhor Kotleba não é simplesmente um cromo mas antes um personagem perigoso,
de ideário e postura fascista e encontra a sua glória no desenterrar do passado
nazi do país e dos valores associados a esse passado.
Radovan Geist no Social Europe interroga-se sobre a questão
de saber se o isolamento político a que o L’SNS tem sido votado corresponde a
um duro e consistente combate aos valores fascistas ou se é apenas a reação
circunstancial de quem não tem conseguido formar governo. As posições assumidas
pelas forças políticas que agora procuram formar governo em relação à crise de
refugiados anunciam o pior apesar desse propósito de isolamento político do partido
fascista.
A emergência dos sinais fascizantes na Eslováquia mostra
que a Europa está cada vez transformada num projeto económico que mais do que a
lógica de afirmação do mercado interno único é antes o resultado de um determinismo
diretorial, cada vez mais acantonado e que tem como reverso da medalha a lenta
emergência das mais sérias ameaças à democracia e aos valores que estruturavam
a cabeça de fundadores. Quando a essas ameaças se acrescenta a lenta mas segura
recuperação de valores fascizantes que resultam de um património de guerra nesses
países como acontece na Eslováquia, alguém tem de pôr mão nisto.
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