terça-feira, 24 de outubro de 2017

A VEZ DOS CHECOS




As eleições do passado fim de semana na República Checa foram um portento em termos de resultados favoráveis ao populismo, ao conservadorismo liberal e heterodoxo e ao euroceticismo primário. A vitória folgada do partido do extravagante milionário Andrej Babiš (imagem abaixo) – o ANO 2011, significando a sigla a cristalina indicação de ser uma “Aliança dos Cidadãos Descontentes” – surge como o traço mais saliente de todos, mas o facto de os cinco partidos mais votados terem caraterísticas daquele(s) tipo(s) é ainda o mais lamentável aos olhos de um europeu normal e consciente. Com efeito, será certamente inédito que um parlamento de 200 membros integre 162 deputados pouco recomendáveis em termos de valores democráticos e civilizacionais, já para não falar de convicções europeias; deixando, acrescente-se, os partidos de matriz mais tradicional limitados a 38 lugares (designadamente 15 para os social-democratas, que detinham 50 desde 2013, e 10 para os democratas-cristãos, que antes eram 14). Porca miséria, mas também algo que estava à vista após os apressados e mal preparados alargamentos que irrefletidamente se foram sucedendo por essa Europa fora. Neste quadro, não será de admirar que venha a concretizar-se a previsão de alguns analistas políticos segundo a qual não tardará muito que os checos sigam o exemplo dos britânicos em relação à negação da sua presença institucional na UE – como se dirá, “Czexit”?

(James Ferguson, http://www.ft.com)

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