Não há ninguém com um
mínimo de conhecimento vivido para lá dos mecanismos dos aparelhos partidários
que não tenha compreendido o sentido de VOZ que o discurso de Marcelo
representou naquela noite. A precedê-lo tínhamos assistido a uma sequência de
três comunicações em direto desastrosas de três membros do Governo,
curiosamente por ordem ascendente de hierarquia, secretário de Estado, Ministra
e primeiro-Ministro. Não vou discutir se aquelas desastrosas intervenções
representaram o que iria no fundo da alma daquelas personalidades. Posso crer
que não correspondiam e que resultaram de uma má gestão da situação, decorrente
de uma má avaliação da mesma. Mas, instantânea e intuitivamente, quando ouvi a
declaração ao país de António Costa antecipei o pior. O desajustamento face á
situação que entrava pelos nossos olhos através das televisões era tão evidente
que fiz suposições de variada espécie, já que aquele erro não dizia a letra com
a personalidade em causa.
Por isso, quero lá saber
se tinha havido contactos entre o primeiro-Ministro e o Presidente, essa
informação não chega, era necessário saber que tipo de contactos houvera. Mas
com aquele tipo de declaração de António Costa era necessário que ao nível da
representação política institucional alguém reparasse o erro de apresentação. É
para essas situações que a Voz de um Presidente é necessária, de identificação
com os problemas, com o drama das pessoas, com empatia, generosidade. Marcelo
fê-lo, exemplarmente. Por isso, não há Porfírios deste mundo que possam
contrariar esta evidência. E quando os Porfírios empedernidos o fazem,
questionando a intervenção do Presidente da República, enterram-se até ao
pescoço, pois para nenhum cidadão avisado deste país haverá uma pinga de
confiança que seja para com esse tipo de personalidades e posturas. Irão
afundar-se na nossa mais completa indiferença.
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