(A procissão ainda
praticamente não saiu do adro em matéria de nova liderança para o PSD, mas pelos
andores que se perfilam parece emergir uma pobreza franciscana de ideias; sabemos que a contenção pode ser uma virtude,
mas imagino um caminho de pedras pela frente dos militantes…)
Domingo está praticamente
passado e com as debandadas de putativos candidatos, Rui Rio e Santana Lopes parecem
perfilar-se no horizonte da refrega como os únicos intervenientes, se bem que também
se fale de uma possível terceira candidatura protagonizada por um líder
regional (Lisboa, tenho dificuldade em identificar a sua graça).
A saída de cena do a posteriori entronizado Passos Coelho
parece ter secado o tal pensamento liberal que muitos associavam ao discurso
passista. Talvez surpreendidos pela magnitude dos resultados das autárquicas,
que baralharam o timing da sua
entrada na corrida, não irão aparentemente a jogo, para desgosto dos seus apoiantes
na sombra. Partilho com o meu colega de blogue a curiosidade pelo que Pacheco
Pereira e o Expresso anteciparam de vir aí uma campanha interna em que valerá
tudo, até tirar olhos, passe a expressão. Mas que raio de matéria poderá
permitir a sordidez desmedida de uma campanha no contexto atual? Para além
disso, o aparente afastamento da refrega de Marco António também aguça a minha
curiosidade. E não esqueçamos a enigmática declaração pós eleitoral de Rui Moreira.
Grossas coisas andarão por aí.
Quanto a Rio e Santana,
sou dos que penso que o pensamento político para uma alternativa de governação
de que o PSD necessita, diria que o país democrático precisa em termo de alternativas,
não se forma numa semana ou em durações similares. Por isso, pelo que se conhece
dos dois personagens, pouco de estimulante antevejo em tal campanha. Aparentemente,
serão candidatos de recentramento do PSD que estamos a falar, com Rio provavelmente
a forçar os temas da justiça e da moralização da política como pelas diferenciadoras
de um discurso, com a consolidação orçamental como traço transversal (melhor
que Centeno?) a destacar-se.
Em Rio, qualquer que
seja a interpretação avaliativa da sua experiência autárquica no Porto, e a
minha é como é conhecida muito negativa, é pouco para ganhar dimensão nacional.
Em Santana, não há sequer espessura e um passado de derrotas eleitorais pesará
obviamente.
A retirada de Rangel diminui
seriamente a amplitude e consistência do debate. Todos nos recordamos da
surpresa que foi a sua performance nas eleições europeias. A sua invocada
equidistância do momento atual ainda é mais incompreensível.
Convicto de que o atual modelo
de governação à esquerda precisa de uma oposição que possa prefigurar uma alternativa,
vejo com preocupação o que se passa no arrumar de casa do PSD. Há um ano e
picos, diria que o PSD (coligado ou com acordo pós-eleitoral com o CDS) só
seria governo com maioria absoluta. Hoje, face ao estado atual do
relacionamento à esquerda, não o afirmaria com a mesma convicção. Mas, face ao
estado das coisas no PSD, o problema já não é de maioria absoluta. É tão só de dinâmica
para galvanizar uma alternativa. Posso enganar-me mas no estado atual das
ideias Rio e Santana poderão federar as suas paróquias e pouco mais. É claro
que os trânsfugas de última hora, os que farejam poder interno como cães que
antecipam terramotos, engrossarão as fileiras de um ou outro. Mas daí a galvanizar
uma alternativa …
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