(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Nunca pensei que uma possibilidade de remake da liderança do PSD por parte de Pedro Santana Lopes me pudesse merecer alguma espécie de simpatia. Mas o facto é que assim acontece, apesar do isto, do aquilo e do aqueloutro que nestas décadas sempre me levaram a ver nele muito do que me ia causando pele de galinha e embirração na política à moda cá da gente.
Ouvi-o hoje em direto na “SIC Notícias”, anunciando a sua candidatura em nome de um sentido de dever que duvido possua em dose de tal montante. Sendo que não deixei de ficar agradado com a ideia de se ir assistir, de algum modo, à entrada em jogo de alguém que pode mexer com o imobilismo e o calculismo que tolhem o PSD e a política nacional. Porque o homem pode até não ser tão sincero quanto proclama, mas é certamente dotado de um carisma quase natural e respira indiscutivelmente um gosto genuíno pelo enfrentamento de riscos difíceis.
E, depois, passaram uns anos, anos durante os quais amadureceu e pôde aprender um quanto, andando pela Santa Casa, estando na política sem estar e sem afrontar os seus, acabando a comentar com Vitorino e a ganhar um renovado estatuto público na eficaz gestão que foi fazendo do processo Montepio. Também não creio que se lhe possa levar a mal que, aos 61 anos, não tenha resistido a uma incapacidade intrínseca e fundamental para aguentar por mais tempo a falta de um palco mediático de primeiro plano; embora não vá ao ponto de acreditar que a substância de Santana tenha no essencial mudado, ou seja, que a sua abordagem dos assuntos não permaneça ligeira e altamente tributária do faro que se lhe reconhece. Acrescentaria, a terminar, a seguinte hipótese complementar de análise: ou muito me engano, ou Rui Rio já não vai dormir descansado esta noite...
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