(Cristina Salgado, https://www.publico.pt)
Vou agora sair de casa para cumprir o tal dever cívico de votar. Uma obrigação a que dei sempre realização nestes quarenta e cinco anos de democracia, com a única exceção das presidenciais de 1980, quando já estava por Paris a preparar uma tese de doutoramento e as finanças não permitiam grandes flores para idas e vindas adicionais às estritamente necessárias e quando Ramalho Eanes bateu Soares Carneiro e a direita viu gorada a sua grande expectativa de então de somar maiorias. Hoje, acordei com a sensação de que vamos ter surpresas à noite, talvez não surpresas grossas que ponham em causa a continuidade de António Costa mas outras que, no cômputo geral, poderão influenciar as soluções a serem encontradas a partir de amanhã – como, por exemplo, um inesperado nível de abstenção recorde ou uma significativa concentração de votos nos “pequeninos” (e, sobretudo, em alguns dos mais indesejados por excessivamente demagógicos ou portadores de mensagens altamente perigosas) ou, ainda, uma diferença PS-PSD menor do que a prevista ou uma subida de última hora da CDU relativamente ao BE. Além do mais, também se tornou quase forçosa a análise do grau de acerto das sondagens (síntese das principais abaixo), não apenas pelo desafio em si mas principalmente porque elas se tornaram elementos importantes e crescentemente condicionadores do voto de muitos. Faltam pouco mais de sete horas para começarmos a saber o que nos espera.
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