sábado, 26 de outubro de 2019

ERVAS DANINHAS



(Quando é que haverá coragem para combater frontalmente ervas daninhas para a democracia como os Correios da Manhã e CMTV’s deste mundo? Saúda-se a coerência de um jornalista como Pedro Marques Lopes nesse propósito. Estranho não haver mais nomes relevantes para associar a esse combate.)

Nos últimos tempos tenho-me aproximado mais do Eixo do Mal, às quintas na SIC Notícias e menos do Circulatura do Quadrado, às quartas na TVI24.

O cenário visual em que decorre este último programa irrita-me profundamente, é dissonante do teor do programa, distrai a atenção da suposta profundidade que o deveria caracterizar, tal como assim aconteceu nos seus bons tempos e não necessariamente apenas com a presença de António Costa. Para além disso, já não tenho pachorra para digerir o senso comum de Jorge Coelho, aguentar o afunilamento de pensamento de José Pacheco Pereira que, ao contrário do que o próprio pensa não resulta de uma questão de coerência, e conviver com o pensamento por vezes encriptado de António Lobo Xavier que deixa sempre a ideia de saber mais coisas do que transporta para o debate.

O Eixo do Mal é um programa bem mais irregular na qualidade do debate, tem do melhor e do pior, depende muito do estado de alma e do grau de preparação dos intervenientes sobre os temas em debate e tal como resulta de programas com grande prolongamento no tempo de convivência entre comentadores presta-se a divagações e mimos interpessoais que dispenso bem. O Eixo do Mal pretende ser mais despretensioso no debate sem deixar de penetrar fundo em alguns assuntos e tenho de confessar que o espírito de escárnio e maldizer agrada-me. Do ponto de vista ideológico, o debate travado sobretudo entre Clara Ferreira Alves, Daniel Oliveira e Pedro Marques Lopes é regra geral interessante sobre algumas nuances do espectro político em Portugal, já que Luís Pedro Nunes está normalmente fora do baralho. A sua presença poderia ser relevante trazendo para o debate outras origens de pensamento, mesmo que descontando algum diletantismo que emerge da figura e de algumas opiniões. O que é curioso é que embora seguindo o pensamento escrito dos três comentadores mais incisivos pode dizer-se que eles trazem para o debate algo mais do que vertem nas suas crónicas regulares, os dois primeiros no Expresso e o terceiro no Diário de Notícias.

Nos últimos tempos, Pedro Marques Lopes tem sido o mais veemente a denunciar o que significa de erva daninha para a democracia portuguesa projetos como o do Correio da Manhã e o da CMTV sob a batuta da COFINA e o país parece não incomodar-se com a mais que provável compra da TVI por esta última. Gosto de gente que não se escude no mais borolento corporativismo profissional, as coisas são para ser ditas e de facto órgãos de comunicação como aqueles são uma reles exploração da baixa qualificação dos portugueses. Para corporativismo profissional de alta expressão basta-nos o dos médicos, alguns dos quais tão adestrados nas críticas ao SNS e tão ausentes na denúncia da incompetência ou ganância dos seus pares.

Ou muito me engano ou o Chega de André Ventura vai ter tratamento VIP.

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