(O disco agora publicado pela SONY permite-me compensar não
ter visto na Netflix o filme relativo ao espectáculo de BruceSpringsteen na
Broadway. É um duplo CD para ser ouvido
num fim de domingo como o e hoje e sempre em estreita ligação à sua autobiografia
Born to Run, publicada em Portugal pela Elsinore.)
O espetáculo de Bruce Springsteen na Broadway
traz-nos um registo diferente, numa combinação exemplar da guitarra e da harmónica
e da voz sempre presente. O registo é intimista mas coerente com a poesia e força
musical das composições que integram o nosso imaginário do universo de Bruce à
medida que ele e nós vamos envelhecendo, ele com uma coerência admirável.
Pelo seu recitativo e pela invocação autobiográfica
do seu universo juvenil (o encontro com a autobiografia BORN TO RUN (analisada
neste blogue em 7.10.2016, ver link aqui) é crucial para compreendermos a sequência
musical do espetáculo. Pelo registo musical de Bruce passa uma América que praticamente
desapareceu de uma parte significativa do seu vasto território e onde possam
existir resquícios desse mundo estaremos provavelmente perante comunidades com
forte sentimento de perda, marginalizados e quase sempre instrumentalizados
pelo atual populismo republicano.
Claro que na ambiência de um concerto com
este registo, canções como MY HOMETOWN, THE PROMISED LAND ou LAND OF HOPE AND
DREAMS para não falar no incontornável BORN TO RUN adquirem todo um patine que importa
revisitar na quietude de um fim de domingo no recato do salão de trabalho, em
casa, a gozar os últimos raios de sol do dia.
Por vezes comovente, um testemunho diferente
de um produto genuíno da América mais profunda.
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