domingo, 20 de outubro de 2019

UM BRUCE MAIS INTIMISTA, NA BROADWAY




(O disco agora publicado pela SONY permite-me compensar não ter visto na Netflix o filme relativo ao espectáculo de BruceSpringsteen na Broadway. É um duplo CD para ser ouvido num fim de domingo como o e hoje e sempre em estreita ligação à sua autobiografia Born to Run, publicada em Portugal pela Elsinore.)

O espetáculo de Bruce Springsteen na Broadway traz-nos um registo diferente, numa combinação exemplar da guitarra e da harmónica e da voz sempre presente. O registo é intimista mas coerente com a poesia e força musical das composições que integram o nosso imaginário do universo de Bruce à medida que ele e nós vamos envelhecendo, ele com uma coerência admirável.

Pelo seu recitativo e pela invocação autobiográfica do seu universo juvenil (o encontro com a autobiografia BORN TO RUN (analisada neste blogue em 7.10.2016, ver link aqui) é crucial para compreendermos a sequência musical do espetáculo. Pelo registo musical de Bruce passa uma América que praticamente desapareceu de uma parte significativa do seu vasto território e onde possam existir resquícios desse mundo estaremos provavelmente perante comunidades com forte sentimento de perda, marginalizados e quase sempre instrumentalizados pelo atual populismo republicano.

Claro que na ambiência de um concerto com este registo, canções como MY HOMETOWN, THE PROMISED LAND ou LAND OF HOPE AND DREAMS para não falar no incontornável BORN TO RUN adquirem todo um patine que importa revisitar na quietude de um fim de domingo no recato do salão de trabalho, em casa, a gozar os últimos raios de sol do dia.

Por vezes comovente, um testemunho diferente de um produto genuíno da América mais profunda.

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