Não conheci pessoalmente o desaparecido Álvaro Barreto (AB). Mas tratou-se de uma das nossas figuras públicas de presença mais persistente ao longo de mais três décadas. Como dizem os obituários destes dias, AB andou permanentemente a circular entre as empresas e a política, tendo nesta última área sido ministro em nada menos do que sete governos (e sob a liderança de seis primeiros-ministros) – começou em 1978 (Indústria e Tecnologia) no IV Constitucional com Mota Pinto, esteve no VI (Indústria e Energia) com Sá Carneiro, no VII (Integração Europeia) com Pinto Balsemão, no IX (Agricultura, primeiro, e Comércio e Turismo, depois) com Mário Soares, nos X e XI (Agricultura, Pescas e Alimentação) com Cavaco Silva e no XVI (Atividades Económicas e Trabalho, acumulando a função de ministro de Estado) com Santana Lopes – e tido naquela passagens pelo Grupo CUF, pela Setenave, pela TAP, pela Soporcel (onde deixou uma marca importante entre 1990 e 2004, sobretudo pelo passo estratégico ocorrido em 2001 – aquisição pela Portucel –, significativamente articulado com o ministro que pontuou a política económico-financeira dos governos Guterres, Pina Moura) e pelo BCP, nomeadamente e sem prejuízo de uma persistente proximidade gestionária e de aconselhamento junto do seu amigo Belmiro de Azevedo. Uma vida cheia e cujo desenlace deixa certamente muito por contar quanto a episódios e opções que AB protagonizou e que marcaram indelevelmente (para o melhor e para o pior) a economia e a sociedade portuguesas.
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