quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

PASSAGEM FUGIDIA PELOS ÓSCARES

(cartoon de Agustin Sciammarella, http://elpais.com)


A Academia manteve-se num registo conservador, não premiando como se vaticinava aquela que constitui a grande aposta alternativa ao cinema nos seus moldes tradicionais (no caso, a “Netflix”, com “O Irlandês” de Martin Scorsese), mas lá assumiu a pequena novidade de concentrar estatuetas essenciais num filme em língua estrangeira (“Parasitas” do coreano Bong Joon Ho). Além de Martin Scorsese, também Sam Mendes, Todd Phillips e Quentin Tarantino não venceram assim os prémios principais (tendo tido estes dois últimos realizadores a consolação de verem Joaquin Phoenix e Brad Pitt referenciados como melhores atores principal e secundário). Nas mulheres, e não fora o lado nostálgico do papel de Renée Zellweger em “Judy” (a memória de Garland a funcionar, sem prejuízo da prestação da galardoada), “Marriage Story” teria certamente feito o pleno por via da enorme interpretação de Scarlett Johansson (que acabou não premiada) e já que Laura Dern venceu enquanto atriz secundária. Quanto ao resto, e sobretudo quanto à definição de um posicionamento próprio, a minha amostra é pouco consistente, já que ainda me falta ir ver o filme coreano para aquilatar da sua qualidade aos meus olhos, assim como me faltam “1917” e “Joker”, havendo também quem me sugira não perder “Jojo Rabbit” – contudo, e do que vi até ao presente, talvez optasse pelo filme de Tarantino, eu que sou suspeito na matéria por não conseguir resistir ao talento criativo de Quentin. Como, aliás, ao de Donald e seus acólitos que, poucos dias antes, puseram assustadoramente a nu a terrível doença que atravessa um Partido Republicano que tem currículo histórico e devia ter a correspondente memória democrática...

(Dave Granlund, https://www.mercurynews.com)

Sem comentários:

Enviar um comentário