(Já não há paciência para aturar os jornalistas mais
metediços e interessados em descobrir algum buraco de argumentação nas
autoridades oficiais do que contribuir para conter a disseminação do
Coronavírus e controlar os seus efeitos. Nas condições atuais, um bom e eficaz jornalismo constitui uma peça
fundamental para homogeneizar informação independentemente da qualificação de
quem a recebe).
Os jornalistas
metediços andam de candeias às avessas com a calma e competência da Diretora-Geral
de Saúde Dra. Graça Freitas. Uma Diretora Geral precipitada ou incompetente
seria uma prenda divina para tal gente, mas não, para bem público é a calma e
competência que se têm imposto e que se lixem os metediços.
Ontem, quando a
Diretora-Geral testou o ambiente com a referência aos primeiros cenários com
que as autoridades começaram a preparar os planos de contingência (primeiros
porque a situação em Itália obriga a uma permanente revisão desses cenários), o
valor de 1 milhão de possíveis infetados em Portugal fez sorrir os metediços.
Tinham finalmente combustível. Mas rapidamente a Diretora-Geral corrigiu a
mensagem, esclareceu o significado da cenarização, relembrando a diferença
entre cenarização e previsõs e colocou de novo as coisas nos devidos eixos,
para pena inconsolável de tais personagens.
E assim vai acontecer
nos próximos tempos até que surja o momento mágico do primeiro infetado.
Veremos nessa altura como a Direção-Geral regulará a sua comunicação e as
mensagens que a vão corporizar.
A questão crucial dos
próximos tempos consistirá no modo como a população em geral, independentemente
da sua qualificação e informação, comunicará sintomas, as suas próprias
evidências e fornecer o registo pertinente para que as autoridades nacionais
decidam em função da intensidade com que o problema se manifesta.
A principal interrogação
e essa é preocupante é não sabermos ainda, nem em Itália, qual é a incidência
dos assintomáticos, ou seja, aqueles que são já portadores do vírus e que por
razões de variada natureza não evidenciam a incidência da doença. Nestes casos,
não há incongruência cívica, mas apenas desconhecimento e, consequentemente, a
possibilidade de infetar outros inadvertidamente. Muito provavelmente, é este
fenómeno que explica a explosão súbita dos casos em Itália. Outros casos, de
natureza mais penalizadora, são os que se sentem doentes e não evitam
comportamentos de risco.
Moral da história,
existe um mundo de informação em torno do qual se pode construir um jornalismo
contributivo, capaz de homogeneizar e garantir informação mínima e crucial para
induzir comportamentos cívicos adequados. As sociedades ocidentais, que se
orgulham das suas democracias, têm nestes momentos oportunidades únicas para
afirmar a sua diferença.
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