(David Horsey, https://www.seattletimes.com)
Abre-se hoje uma nova e decisiva fase do processo de nomeação do candidato dos Democratas à Casa Branca. Visando a tarefa quase impossível que é a de derrotar o instalado Donald Trump – porque este, apesar de não ter sido o mais votado pela população quando venceu 2016 a democrata Hillary Clinton, de ser detentor de um índice de aprovação (45%) oito vezes inferior à média do registado pelos candidatos americanos desde 1938, de ter governado com sucessivos escândalos (incluindo a condenação de seis dos seus ex-assessores em processos ligados à interferência russa nas eleições presidenciais) e de ter sido o terceiro presidente da história a enfrentar um julgamento político (o recente impeachment) – continua a apresentar-se como claro favorito (seja na medida em que é clássico que o ocupante do poder parte sempre com vantagem para qualquer reeleição (a velha questão de uma derrota do dito ocupante resultar mais de erros seus do que de méritos adversários, confirmada no caso dos EUA pelo facto de apenas três presidentes terem sido derrotados nas urnas, Ford em 1976, Carter em 1980 e George W. Bush em 1992), seja na medida em que Trump cumpriu o essencial das suas promessas mais conservadoras e nacionalistas (nomeações de vária ordem, reduções de impostos, diminuição das regulações mercantis, mudanças na política externa, migratória e comercial, apenas lhe tendo escapado o rocambolesco muro na fronteira com o México), seja na medida em que a clubite do rótulo partidário tem tradicionalmente um peso determinante nas escolhas dos eleitores americanos, seja na medida em que Trump é um trucidador incessante e sem escrúpulos a denegrir os opositores e a explorar as suas fraquezas em campanha, seja sobretudo na medida em que a situação económica o favorece (forte crescimento do PIB e significativa criação de emprego, taxa de desemprego mais baixa dos últimos 50 anos, endurecimento face à China seguido de alguma água na fervura da guerra comercial, tudo elementos que com outros contribuem para uma leitura positiva do mandato presidencial por parte de 76% dos americanos).
(Damien Glez, https://www.cagle.com)
(Damien Glez, https://www.cagle.com)
(http://lemonde.fr e Paul Berge, https://www.pinterest.pt)
O que ocorre hoje é o caucus mais famoso das eleições presidenciais nos EUA, o qual abre há décadas as corridas dos aspirantes à designação nos dois partidos dominantes do sistema político. “Tudo começa em Iowa!”, afirmou no Sábado o senador Bernie Sanders, ele que é o segundo maior favorito nacional à nomeação e o primeiro classificado nas opções do Estado em causa. Bernie é o lado mais à esquerda de todos os candidatos do Partido Democrata, defendendo uma autêntica revolução política com vista ao proclamado objetivo de um país mais igualitário e tendo um especial apoio nas camadas mais jovens da população, enquanto Joe Biden (que lidera a nível nacional) se apresenta como uma possibilidade mais centrista e moderada e Elizabeth Warren como uma solução de compromisso entre os dois ao comando (uma espécie de “terceira via” com bocados programáticos de um e de outro, ora mais radical ora mais sistémica), surgindo ainda com alguma representatividade os nomes do milionário Michael Bloomberg (apenas ou principalmente a força do dinheiro?) e do heterodoxo Pete Buttigieg (aqui homenageado, em imagem acima, pela sua corajosa insistência e combatividade). Em suma: ainda sem um líder claro (últimas sondagens abaixo, mostrando Warren em forte queda desde o último trimestre de 2019, Biden estacionário no mesmo período e Sanders em boa progressão), os Democratas têm de se definir urgentemente para depois se focarem na sua própria unidade contra o perigo maior, embora nada indique que tal lhes proporcionará o desejável sucesso – e quem, não obstante, estará em melhores condições para incomodar Trump? Bernie, Joe ou Elizabeth, aceitam-se apostas!
(a partir de https://www.realclearpolitics.com)
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