No dia do jogo do Dragão, “A Bola” anunciava sub-repticiamente que o campeonato podia ficar resolvido após aquela jornada, leia-se que o FC Porto poderia perder no “Dragão” quaisquer sobrantes ilusões ao título. Afinal, assim não ocorreu, vista a vitória azul-e-branca por 3-2 que se verificou numa partida que não foi propriamente eletrizante (como refere hoje o “Público”) mas sim suficientemente emotiva e agradavelmente bem disputada (ademais sem casos importantes, apesar de a SAD do Benfica ter passado o Domingo a procurar descaradamente encontrá-los).
Vendo a coisa com alguma distância e nenhum fanatismo, o que começa a tornar-se por demais evidente é a quebra de qualidade do futebol que se disputa em Portugal. E não podia ser de outra maneira, atentas todas as condicionantes que o limitam (e não se trata apenas das leis impostas pelo capitalismo selvagem que internacionalmente domina o desporto-rei – compare-se, esclarecedoramente, o atual plantel dos nossos “grandes” com o que eles foram tendo ao longo das últimas duas décadas; exemplifico com o FC Porto, referenciando uma sintomática dúzia de perdas recentes, por ordem crescente de antiguidade: Éder Militão, Hector Herrera, Brahimi, Felipe, Rúben Neves, Alex Sandro, Otamendi, James Rodríguez, João Moutinho, Hulk, Falcao e Lucho Gonzalez, entre outros). Todas as semanas constatamos esta realidade observando televisivamente jogos de Inglaterra, da Alemanha ou da Espanha, como até da França, da Holanda ou da Turquia; confirmámo-lo na última semana através daqueles dois jogos dos Oitavos-de-Final da Taça de Espanha em que as duas mais prestigiadas equipas bascas (Real Sociedad e Athletic Bilbao) afastaram com classe os dois maiores colossos futebolísticos do país (Real Madrid e Barcelona).
(Omar Momani, http://www.goal.com)
Volto à nossa terra. O Benfica consegue ganhar todos os jogos em que intervém (exceto os internacionais e aqueles em que tem por adversário o FC Porto); sendo embora uma equipa arrumadinha e dotada de um plantel relativamente mais alargado, diria que tal é sobretudo sintomático da marca que impõe em tudo quanto se movimenta em redor dos relvados (não falo tanto de árbitros, embora por vezes eles não deixem de contribuir, como de empréstimos, empresários e quejandos). Já o FC Porto, uma equipa mais desequilibrada de vários pontos de vista que agora não vêm ao caso, conhece uma mais normal regularidade (16 vitórias, 2 empates e 2 derrotas) em resultado de ciclos de forma e confiança que fazem de algum modo parte das vicissitudes de uma época, apesar de ter perdido pontos desesperantemente mal perdidos (Barcelos, Funchal e Belém).
Na fase da temporada em que estamos, e considerando o que dela ainda falta, o Benfica é indiscutivelmente favorito a ganhar mais uma “Primeira Liga”. E tal irá provavelmente acontecer. Mas não deixará de ser uma verdade dolorosa para os portistas que tenham sido detalhes essencialmente mal geridos pelo seu técnico a determinar esse infeliz desfecho numa época em que a sua equipa vence os dois jogos contra o principal rival. Termino com duas interrogações – (i) ganharemos a Taça de Portugal ou a final que se adivinha será uma espécie de “às três é de vez” para o Benfica, deixando o FC Porto completamente a seco de títulos na temporada em curso? e (ii) num ou noutro caso, venderemos quem e por quanto na sangria que já ninguém esconde ir ser necessária lá para maio/junho? – e com a manifestação do desejo, fervoroso na vontade mas descrente na viabilidade, de que os astros da sorte e do acaso se venham a conjugar em torno da ideia de que o Benfica despertou o lado feroz do “Dragão”...
Sem comentários:
Enviar um comentário