Pode ser que seja, e será certamente, o resultado de alguma clubite mal curada, mas não resisto a voltar à questão da crise em curso no meu FC Porto. Uma saliência especial, neste quadro, para o artigo “A grande crise” (em “A Bola” e tendo uma chamada de capa intitulada “Mudar é Indispensável”) com que António Oliveira (AO) brindou o povo futebolístico em geral e o povo portista em particular – um artigo que, ou muito me engano, ou ainda vai dar bastante que falar nos meios mais diretamente interessados e envolvidos!
Cito, sintetizando em dez tópicos: (i) “O FCP está a passar fase muito complexa, das mais difíceis da sua história recente”; (ii) “Perdem-se vestígios do património adquirido”; (iii) “Apenas um campeonato nos últimos seis anos e com muito de Sérgio Conceição”; (iv) “Nos últimos tempos, assistimos a um constante enfraquecimento da equipa”; (v) “Saíram grandes jogadores a custo zero e outros estão também na calha”; (vi) Venderam-se grandes e jovens talentos e foram contratados jogadores valorizados artificialmente”; (vii) “Até à chegada de Sérgio Conceição, sete treinadores em sete anos é prova de instabilidade e incerteza, nunca de projetos alicerçados”; (viii) “Sem centro de formação próprio não pode haver um enorme e rápido crescimento, por mais boa vontade que haja”; (ix) “Se for verdade que os dirigentes tiveram grandes aumentos salariais e não se diversificam os agentes de jogadores a contratar, temos um paradoxo difícil de entender”; (x) “Só com profundas mudanças se pode reconstruir um FCP europeu”.
Com grandes cautelas e o dedo cirurgicamente colocado em algumas feridas, AO foi assim sem ir ao âmago do(s) problema(s) que aflige(m) o clube de que é adepto e de cuja SAD é o maior acionista individual – por isso, e apesar do pesado e estranho silêncio que tem imperado sobre as suas declarações, será uma mera questão de tempo que elas venham a ser escalpelizadas e comentadas no muito que contêm em si mesmas e nas respetivas entrelinhas. Julgo mesmo que elas poderão passar a marcar o momento de um arranque em direção à clarificação interna e à regeneração da estrutura dirigente e dos seus processos de decisão. Aguardemos.
Estando com a mão na massa do desporto-rei, aproveito a oportunidade para passar do localismo nacional ao cosmopolitismo inglês através de duas notas associadas, aliás, a planos bem diversos: refiro-me à venda (finalmente!) de Bruno Fernandes – entregue ao Manchester United por 55 milhões de euros mais uns 25 potenciais e já estreado no Sábado com algum proveito que, não obstante, me deixou dúvidas quanto à capacidade do jogador para fazer a esperada diferença num contexto coletivo menos desequilibrado e dele dependente do que aquele que vinha vivendo no Sporting – e à espetacular época interna do Liverpool de Klopp (mais Salah, Firmino e Mané, para só mencionar o tridente atacante) – 24 vitórias e um empate, saldados em 22 pontos de vantagem sobre o Manchester City de Guardiola à sexta jornada da segunda volta, é obra!
(Omar Momani, http://www.goal.com)
(Omar Momani, http://www.goal.com)
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