Algumas capas recentes de revistas internacionais de referência dizem bem o que vai estando mais em causa por esse mundo fora. Predominância para o coronavírus e a atrapalhação que visivelmente impera nos círculos do poder chinês, até há pouco considerados indiscutíveis titulares, a prazo curto, de uma ordem internacional em acelerada mudança. Em simultâneo, os Estados Unidos a conhecerem uma espécie de entronização de Donald Trump, apesar dos esforços improcedentes de Nancy Pelosi e com o contributo de um Partido Democrático excessivamente dividido, na estratégia e nos protagonistas, para lhe fazer alguma frente com sentido. Cá mais por perto, na nossa velha Europa, ao Brexit finalmente acontecido (com toda a incerteza que dele decorre, incluindo uma possível desunião do Reino Unido – como resulta claro das eleições irlandesas e do seu estímulo a reivindicações em favor de uma “Irlanda unida”) logo se associou uma arriscadíssima e muito perigosa crise política larvar na Alemanha (a demissão da delfim de Merkel, AKK, às mãos de toda uma batida discussão sobre o grau de diálogo admissível em relação ao partido de extrema-direita, AfD), tudo com Macron a contas com os seus próprios problemas internos e a falar para o boneco no seio dos 27 (entre avisos e propostas de debate sobre o futuro), estes cada vez mais divididos quanto ao seu orçamento de médio prazo (2021/27) num processo ridículo aos olhos de qualquer cidadão europeu minimamente atento e consciente do que está em causa – a nomenclatura política europeia a fertilizar com crescente eficácia o antieuropeísmo e a tornar-se, assim, no maior amigo de todos os populismos e extremismos que pululam as nossas terras em geometrias de variável forma e conteúdo.
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