segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

PERTURBAÇÕES BREXITIANAS

(Twitter)

(Ainda não começaram as negociações após a data oficial do BREXIT e a tensão anda no ar. Negociações entre tecnocracia arrogante e populistas mais ou menos sofisticados vindos de Eaton não auguram grande coisa, pelo que a consumação definitiva do ato terá ainda que se lhe diga.)

A coisa conta-se de um fôlego só, o que se ajusta bem a quem hoje tem pouco tempo e o espera mais um Asghar Farhadi na RTP 2, O Vendedor.

Aos quatro dias andados do mês de fevereiro, como diria o Paulo Alves Guerra na condução do programa da manhã da Antena 2, a tensão pós Brexitiana aconteceu pelos lados do canal da Mancha, mais propriamente pelas bandas da ilha de Guernsey que, pelo que sabia, nem é propriamente britânica. Ora, os pescadores de Guernsey, entusiasmados pelo agitar da bandeira do Reino manejada garbosamente pelos BREXITERS (felizes) resolver vedar o acesso dos pescadores franceses às suas águas, dizendo algo do tipo “vão pescar para a vossa terrinha”. A excitação andava no ar. Pois os mesmos que vedaram o acesso às suas águas pretenderam processar como habitualmente o seu peixe em França. Como seria de esperar, os franceses recusaram, o peixe voltou para trás e terá eventualmente apodrecido. Simples e cristalino.

Aos quatro dias andados de fevereiro de 2020, ano do BREXIT, talvez seja cedo para os emproados inchados de alegria por estarem finalmente sós se aperceberem que as coisas vão ser mais complicadas. É cedo, muito cedo. Mas não deixa de ser simbólico e talvez premonitório do que pode acontecer se o bom senso mútuo não predominar nas negociações que se avizinham.


Pela minha parte, recebi hoje normalmente a minha encomenda da Presto Classical, com um disco sobre o qual tinha o olho fisgado já alguns dias – os Concertos para Violino de Bach com os célebres English Baroque Soloists de John Elliot Gardiner e com a insuperável violinista Kati Debretzeni, na editora animada por Gardiner, SOLI DEO GLORIA.

É assim a vida meus caros Britânicos. Podem querer isolar-se, lá sabem as linhas com que irão cozer os vossos problemas futuros, mas o acesso à vossa arte e cultura, neste caso de um inglês (de Dorset) John Elliot Gardiner tocando um símbolo da cultura europeia, já no mundo e para o mundo, nunca irão poder cercear.

Nota final

Por falar em música, no domingo de manhã fomos ao centro (bastante renovado e urbano) de Gondomar, mais propriamente ao seu Auditório Municipal, como avós babados ouvir a Margaridinha, nossa neta mais velha e um punhado de outros jovens da Academia de Música de Costa Cabral, para as suas primeiras prestações individuais (ou com as suas professoras e professores) em público. Caro António estás recompensado, os teus filhos já davam um jeito musical ao piano ou à viola (treinada nos saudosos campos de férias do Mocamfe), mas agora tens uma neta ao piano a dar os seus primeiros passos que não sejam apenas para a formação básica.

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