domingo, 16 de fevereiro de 2020

O CITY SOB FOGO, PORQUÊ?

(cartoon de Omar Momani, http://www.goal.com)

Confesso que sempre tendi a achar o fair-play financeiro uma relativa treta ao serviço de um futebol tornado negócio de um modo crescentemente selvagem. A decisão desta semana, segundo a qual o Manchester City poderá ficar arredado da Champions nas próximas duas épocas, talvez tenha tudo para marcar um pequeno ponto de viragem na matéria. Ainda que não estejam minimamente claras as razões profundas para um tal castigo, não custará a crer que a realidade será muito pior do que aquilo que se publicitou enquanto fundamento. O que aponta para lutas mais ou menos fratricidas entre entidades capitalistas de diferentes origens e princípios. Nessa linha, e sabendo-se que o Manchester City é detido pelo Abu Dhabi United Group, cujo proprietário é o Sheik Mansour bin Zayed Al Nahyan (membro da família real e do governo dos Emiratos Árabes Unidos), que esse grupo detém já sete clubes (nos EUA, na Austrália, no Japão, no Uruguai, na China e em Espanha, além de Inglaterra) e que tal grupo vendeu há poucos meses 10% do Manchester City a uma private equity americana (Silver Lake Partners) por 500 milhões de dólares, não relevará interrogarmo-nos sobre que sinalização está a pretender a UEFA emitir com aquela decisão? Ou passamos a acreditar que teve um ataque súbito e inexplicável em busca de uma transparência perdida, de um combate ao branqueamento de capitais, ou de um regresso ao desportivismo puro de tempos idos?

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