(a partir de https://www.dinheirovivo.pt)
Sim, eu sei que é assim que funciona o jogo democrático que está convencionado. Mas não deixa de provocar alguma pele de galinha assistir – algum pouco tempo que seja, porque dificilmente há pachorra para mais – àquela maratona descabelada do debate do Orçamento de Estado na especialidade, momento em que uma larga fração de deputados de duvidosa existência procura fazer alguma prova de vida, por um lado, e em que os partidos da oposição procuram entalar a qualquer preço o Governo, por outro. A infografia acima sintetiza o que foi o resultado final desse longo período dito negocial no tocante às propostas em que os oposicionistas conseguiram levar vencimento (com um custo estimado de 40 milhões de euros, o que no caso até não corresponderá a um desvirtuamento significativo do foco do documento-mãe). No todo, demasiado tempo perdido para tão pouco resultado, muito especialmente em termos do sentido e da coerência das mudanças, tendo o mais grotesco de todos os casos sido o da coligação negativa para travar o projeto da linha circular do Metro de Lisboa. Aceito que a democracia tenha os seus momentos menos felizes – digamos assim – mas confesso que o espetáculo, além de pôr a nu a incipiente preparação de um naipe relevante dos nossos representantes parlamentares, chega a ser degradante, tanto à vista desarmada quanto pelos seus potenciais efeitos na sanidade mental dos que o queiram levar a sério.
(António Fraguas Forges, http://elpais.com)
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