(Raúl Arias, http://www.elmundo.es)
Como muitos portugueses, esta quarentena ajudou-me a redescobrir de um modo recrudescido e mais focado a “Netflix” enquanto serviço essencial de entretenimento cultural caseiro. Resisti até este fim de semana aos exageros de quase viciação de que muitos amigos já se queixavam e acabei a ceder, no (in)voluntário isolamento em que me vi e contra a corrente solheira dos meus concidadãos, à adição. Foi assim que visionei obsessivamente três produtos altamente recomendáveis, embora por razões diversas e particularidades próprias: uma excelente série documental (“The Last Dance”) em torno da carreira de Michael Jordan nos “Chicago Bulls” dos anos 90 (faltam-me os dois últimos episódios, que só serão released amanhã), cheia de protagonistas complementares e essenciais a uma boa compreensão de muitos acontecimentos da época (como o magnífico atleta que foi Scottie Pippen, o coach predileto Phil Jackson e o estranho diretor-geral Jerry Krause, para além do pai James Jordan); uma série construída em torno do desaparecimento, em 2007, de uma criança inglesa na Praia da Luz (“The Disappearance of Madeleine McCann”), talvez algo parcial mas capaz de nos ajudar a pôr as coisas em devido contexto no tocante àquela infeliz ocorrência; um filme centrado no último ano de mandato de Barack Obama, com as atividades de três personagens da equipa de política externa a imperarem (o Secretário de Estado John Kerry, a embaixadora nas Nações Unidas Samantha Power e o homem da máquina Ben Rhodes) no quadro das preocupações do Presidente, cada vez mais dominadas por um conflito entre o seu forte sentido de dever e as opções estratégicas que tomou (o caso da Síria a surgir, manifestamente, como um erro ou, pelo menos, uma restrição que se tornou inescapável) e a crescente ameaça de um Trump a pairar como um sucessor vingativo, ignorante e inconsciente. Uma verdadeira overdose!
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