(José Bandeira, http://www.jn.pt)
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
Nos meus tempos de criança, quando comecei a interessar-me pelo desporto-rei, o Domingo à tarde era o momento da competição. E que bom que era ir até às Antas para disfrutar seja do ar livre, seja do sol, seja do convívio interpessoal, seja do fervor clubista, seja da qualidade de alguns artistas da bola ou seja até das frequentes vergonhas dos homens de preto mais ou menos misturadas com chuvadas impenitentes que também não faltavam. Tudo mudou ao longo dos tempos, muito por força de um absolutismo das leis do mercado e televisivas, e no que aí vem de tentativas regras de uma saúde pública a não hostilizar (bastará?) – esperamos assim, agora, pelas dez jornadas remanescentes da Primeira Liga, às quais assistiremos (se tudo correr bem...) no sofá e de pantufas confrontados com disputas em estádios sem público e em jogos com cinco substituições autorizadas. Ajustar-nos-emos certamente (exceto quanto ao regresso dos comentadores e, numa lógica mais caseira, às precipitadas eleições convocadas no FC Porto), na expectativa sincera de que tudo dê certo, primeiro no fundamental que é uma preservação sustentada do já alcançado no combate à pandemia e depois no acessório, mas importante, que é a preservação da transparência e da verdade desportiva em condições precárias e facilmente suscetíveis de aproveitamento – seria escandaloso que assistíssemos aqui a algo desta natureza, sobretudo porque cabe nunca minimizarmos o que há dias o “The New York Times” chamava a título de uma sua peça relacionada com o futebol em Portugal: the soccer club as sovereign state... Um apontamento final para daqui dirigir dois cumprimentos: o primeiro, e essencial, ao Ricardo Quaresma pelo modo como afrontou com elegância o racismo de Ventura; o segundo, e derivado, a António Costa pelo modo como homenageou com elegância e a-propósito Ricardo Quaresma e as suas magníficas trivelas.
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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