(Enrico Bertuccioli, https://www.cartoonmovement.com)
(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
Insisto na tónica, entre preocupada e escandalizada, do penúltimo post do meu amigo António Figueiredo, ou seja, na sua ideia de que “só nos faltava esta!”. O cerco ao projeto europeu – ou ao que ainda parece restar dele – aperta-se de todos os lados. No caso vertente, sabia-se que uma ala do Tribunal Constitucional Alemão aguardava ansiosamente pelo momento certo, que entendeu começar a estar agora em vias de ser encontrado. Abertas de novo as hostilidades, despudoradamente aliás e mesmo que com algumas fingidas reservas (como as que procuram desligar a substância das posições da crueza do momento pandémico), o cutelo aí está à espera da oportunidade em que possa ser desferido o golpe final. Assim reemergem em todo o esplendor a autoritária e desgovernada direita política alemã (com Merkel em manifesto phasing-out e já incapaz de um último assomo de combatividade em nome de valores maiores que a levariam à distinção) e a conivência covarde do grupo político europeu que ela manobra. Entre uma história que sempre se acaba por repetir nas suas facetas essenciais e uma realidade cada vez mais profundamente assustadora, a Europa em que acreditei e apostei lá vai sendo reduzida a uma miragem, entre as diretrizes da Alemanha e seus acólitos (e, obviamente, a captura dos benefícios económicos que lhes subjazem) e uma servil classe de burocratas cuja única razão de ser reside na sua própria autorreprodução – uma Europa que vai fingindo que existe até que os seus senhores deixem de considerar necessário que assim seja ou até que alguma desgraça os vitime e imponha uma qualquer barbárie...
Sem comentários:
Enviar um comentário