sexta-feira, 8 de maio de 2020

DA RECESSÃO E DO SEU APÓS

(a partir de https://jornaleconomico.sapo.pt e João Silvestre, https://expresso.pt)

Pouco de novo nas novas estimativas ontem divulgadas quanto à dimensão histórica da recessão portuguesa em 2020, no quadro de uma profunda e generalizada recessão à escala europeia e mundial. Para lá do facto em si e da sua inédita extensão (repare-se quanto 1975 e 2009/2012 ficaram bem aquém do agora previsto), e para além ainda do que de tal vai por cá resultar em termos de grave crise social (para dizer depressa e por defeito), os números em causa suscitam toda uma outra questão essencial: a de nos interrogarmos quanto ao conteúdo substantivo do que deverá ser o relançamento a vir – explico-me: a ideia é voltarmos a apostar numa reposição do precedente, i.e., de uma economia frágil, funcionalizada aos sucessos conjunturais de alguns setores (o caso especial do turismo, nomeadamente, bem mereceria um tratamento cuidado), excessivamente dependente dos humores dos mercados externos e sem âncoras empresariais sólidas e capazes de arrastar uma dinâmica diversa e up-graded? Porque ou é de mim, e estarei a ver mal, ou teríamos agora uma oportunidade ímpar para finalmente nos pormos a pensar “fora da caixa” por forma a fazermos diferente da apagada e vil tristeza em que estamos mergulhados de há muito, ou seja, de não nos resignarmos a uma espécie de “novo normal” que se traduza em última instância numa continuidade do velho – por outras e mais pomposas palavras, é tempo de trabalhar ambiciosamente em cima do esgotamento e da imutabilidade fundamental da estrutura económica nacional, em nome de um futuro melhor e mais sustentado...

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