(Naturalmente que as aleluias não esperaram por mim, pois
não estavam em confinamento. Mas o verde dos carvalhos está quase no ponto. O
Coura e o Minho estão numa modorra primaveril. Respiro bem e uma vez mais me
convenço que os privilegiados por muito que aprumem a sua sensibilidade não
conseguem compreender toda a extensão dos efeitos que nos cercam. Não deixando de acompanhar as polinomiais cúbicas que seguem de perto o comportamento
acumulado de casos confirmados e de óbitos, não posso deixar de relevar que o
número de casos registados em Caminha há cinco dias que se mantém nos 16 casos.
O relativo silêncio e
a calma que hoje encontrei em Caminha e em Seixas não diferem substancialmente
do que é sentido num dia de semana normal ao longo do ano. Por isso, se
quisermos perceber melhor os efeitos do confinamento teremos de captar o
pormenor e não os contornos da impressão geral. Uma esplanada que faz parte das
nossas atmosferas que está encerrada. Uma casa comercial ali e acolá que ainda
não abriu (espera-se que não seja sinal do seu desaparecimento), as máscaras e
as luvas fazem agora parte da paisagem urbana e sobretudo ecos de que a
fronteira está encerrada para a circulação corrente, não essencial, do transeunte
transfronteiriço. E é nesse pormenor do dilema saúde versus rendimento que se
compreende melhor a pandemia vista segundo as lentes dos territórios de fronteira.
A abertura da fronteira certamente que equivaleria a uma reposição parcial das
limitadas margens de animação comercial destes territórios. Mas, por outro
lado, os números da pandemia em Espanha, mesmo que calibrados pela boa resposta
da Galiza à crise sanitária, aconselham prudência e, estou em crer, que a
maioria dos residentes por estas paragens aceita sem grande perturbação a
interrupção dos laços transfronteiriços.
E nestas coisas que
nós economistas costumamos designar de rendimentos crescentes, os projetos
comerciais já mais robustos e avançados são os que aparecem melhor organizados
e estruturados para funcionar em regime de precaução. Assim é com a icónica
Tabacaria Gomes, onde hoje pela tarde comprei as minhas revistas de estimação
com uma total sensação de segurança.
Claro que, embora sem
angústias, continuo a seguir atentamente a evolução das curvas, neste caso das polinomiais
cúbicas para perceber se venceremos cautelarmente a flexibilização do
desconfinamento. Só lá talvez para meados da próxima semana teremos uma ideia
mais segura se flexibilizámos no tempo certo ou se teremos de corrigir a
trajetória. Falo nas cúbicas polinomiais, porque sem grandes alardes ou
sofisticação, as ferramentas do EXCEL continuam a permitir a um cidadão comum e
não especialista em questões de virologia e pandemias acompanhar o processo e tentar
perceber o momento em que estamos.
É o caso das
polinomiais cúbicas que descrevem o comportamento do número de casos
confirmados e de óbitos registados, com mais de 99% de ajustamento das mesmas à
realidade.
Não escondo que o
olhar nos próximos dias sobre as curvas será algo mais ansioso. Estará a
flexibilização gradual a gerar uma situação prudencial?
Espanha - Óbitos acumulados
Espanha - casos acumulados
Portugal - Casos acumulados
Portugal - Óbitos acumulados
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