sexta-feira, 8 de maio de 2020

FINALMENTE SEIXAS



(Naturalmente que as aleluias não esperaram por mim, pois não estavam em confinamento. Mas o verde dos carvalhos está quase no ponto. O Coura e o Minho estão numa modorra primaveril. Respiro bem e uma vez mais me convenço que os privilegiados por muito que aprumem a sua sensibilidade não conseguem compreender toda a extensão dos efeitos que nos cercam. Não deixando de acompanhar as polinomiais cúbicas que seguem de perto o comportamento acumulado de casos confirmados e de óbitos, não posso deixar de relevar que o número de casos registados em Caminha há cinco dias que se mantém nos 16 casos.

O relativo silêncio e a calma que hoje encontrei em Caminha e em Seixas não diferem substancialmente do que é sentido num dia de semana normal ao longo do ano. Por isso, se quisermos perceber melhor os efeitos do confinamento teremos de captar o pormenor e não os contornos da impressão geral. Uma esplanada que faz parte das nossas atmosferas que está encerrada. Uma casa comercial ali e acolá que ainda não abriu (espera-se que não seja sinal do seu desaparecimento), as máscaras e as luvas fazem agora parte da paisagem urbana e sobretudo ecos de que a fronteira está encerrada para a circulação corrente, não essencial, do transeunte transfronteiriço. E é nesse pormenor do dilema saúde versus rendimento que se compreende melhor a pandemia vista segundo as lentes dos territórios de fronteira. A abertura da fronteira certamente que equivaleria a uma reposição parcial das limitadas margens de animação comercial destes territórios. Mas, por outro lado, os números da pandemia em Espanha, mesmo que calibrados pela boa resposta da Galiza à crise sanitária, aconselham prudência e, estou em crer, que a maioria dos residentes por estas paragens aceita sem grande perturbação a interrupção dos laços transfronteiriços.

E nestas coisas que nós economistas costumamos designar de rendimentos crescentes, os projetos comerciais já mais robustos e avançados são os que aparecem melhor organizados e estruturados para funcionar em regime de precaução. Assim é com a icónica Tabacaria Gomes, onde hoje pela tarde comprei as minhas revistas de estimação com uma total sensação de segurança.

Claro que, embora sem angústias, continuo a seguir atentamente a evolução das curvas, neste caso das polinomiais cúbicas para perceber se venceremos cautelarmente a flexibilização do desconfinamento. Só lá talvez para meados da próxima semana teremos uma ideia mais segura se flexibilizámos no tempo certo ou se teremos de corrigir a trajetória. Falo nas cúbicas polinomiais, porque sem grandes alardes ou sofisticação, as ferramentas do EXCEL continuam a permitir a um cidadão comum e não especialista em questões de virologia e pandemias acompanhar o processo e tentar perceber o momento em que estamos.

É o caso das polinomiais cúbicas que descrevem o comportamento do número de casos confirmados e de óbitos registados, com mais de 99% de ajustamento das mesmas à realidade.

Não escondo que o olhar nos próximos dias sobre as curvas será algo mais ansioso. Estará a flexibilização gradual a gerar uma situação prudencial?

Espanha - Óbitos acumulados

 Espanha - casos acumulados


 Portugal - Casos acumulados
Portugal - Óbitos acumulados

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