Após tempos de enorme aflição, a opinião pública do Reino Unido viveu nas últimas semanas alguma descompressão. De facto, o tema dominante deixou de ser vital e passou a ser algo menor, embora nem por isso menos sintomático em relação a quem está, seja quanto aos seus princípios democráticos ou quanto à sua coragem política. O incidente foi provocado pelo conselheiro mais próximo do primeiro-ministro, Dominic Cummings, ao ter furado arbitrariamente o lockdown e, pouco consciente de que o exemplo cabe ao Estado e seus agentes, se manter firme em não reconhecer o erro ou, pelo menos, lamentar o sucedido e justificá-lo com a humildade devida. BoJo, por seu lado, fugiu como um rato a enfrentar o assunto, o que também não é especialmente de louvar numa matéria que fez correr tanta tinta e que até acabou por conduzir à demissão de um ministro em discordância com a ocorrência e com a forma como a mesma foi tratada pelo governo e respetivo chefe. Enfim, certamente que antes isto que outra coisa, mas teremos de convir em que assim se deixam mossas de que não havia necessidade (em cima de todo aquele passado menos recomendável que se foi conhecendo) e se indiciam posturas pouco retas, feitas de um arrependimento nunca declarado e que era, afinal, mais pintado do que sincero. Adiante, porém! E que siga pelo melhor o que mais importa.
(cartoons de Ben Jennings, http://www.guardian.co.uk, Patrick Blower, http://www.telegraph.co.uk, Bob Moran, http://www.telegraph.co.uk e Chris Riddell, http://www.guardian.co.uk)
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