Foi grande o clamor na nossa opinião pública em torno do plano de retoma de voos da TAP definido pela sua administração para junho e julho. E bem, diga-se de passagem, já que os responsáveis da companhia fizeram tábua rasa, objetivamente de modo provocatório, do entorno económico nacional e do referencial fundador e histórico da empresa na dita definição. Tudo seria aceitável, ainda que suscetível de críticas, se estivéssemos perante uma entidade privada a fazer escolhas legítimas porque apenas de justificação devida junto dos seus acionistas privados. Não é assim, como se sabe, visto que o facto é o de uma significativa presença do Estado no capital da empresa (50%, após uma parcial correção de tiro em relação à canhestra, ideológica e incompetente privatização de 2015), ao que acrescem agora solicitações, de mão mais ou menos estendida, no sentido de uma hipotética intervenção pública adicional no seu capital para acorrer a dificuldades financeiras largamente agravadas pela crise pandémica. Não querendo elaborar sobre um assunto por demais esgotado pela perversidade da sua própria natureza, sublinharei apenas quão desprezíveis me parecem os profissionais que tomam decisão cheios de peito para logo virem prometer invertê-las quando confrontados com o protesto generalizado de agentes políticos e económicos nacionais e regionais – trata-se certamente de incompetência, mas talvez haja algo mais, e mais revelador, do que meramente isso...
Sem comentários:
Enviar um comentário