sábado, 19 de fevereiro de 2022

A ESPANHA COM EXCEDENTES DURADOUROS

O “El País” de ontem assinala a relevante proeza de uma década (2012-2021) de excedentes externos alcançados pela economia espanhola (entre os 0,6% de 2012, o recorde de 3,4% em 2017 e o valor muito apresentável de 2,2% no ano transato); diga-se que tal corresponde a uma exceção na história democrática do país vizinho, já que, desde 1975, apenas em cinco anos excecionais (nos finais dos anos 70 e meados dos anos 80) assim tinha ocorrido. 

Procurando elucidar o racional de uma evolução tão positiva em termos setoriais, o artigo em causa evidencia a robustez da realidade económica espanhola (sem prejuízo de um nível de desagregação da informação que aponta para a dimensão crescentemente intraindustrial do comércio externo das economias modernas), designadamente ao explicitar os pesos exportadores dos bens de equipamento (18,6%), da indústria química (17%) e do automóvel (12,8%), num total de cerca de 50% das vendas externas contabilizados nestes domínios de produção maioritariamente mais sofisticada.


 

Por fim, o texto referencia também a expressão geográfica das exportações espanholas, deixando clara a importância da proximidade (França, Portugal e Marrocos) mas também uma dependência mediana em relação ao conjunto da União Europeia (61%, com Portugal a valer 8,3% das vendas espanholas ao exterior, ocupando um honroso terceiro lugar) por contraponto a alguma presença em mercados exigentes e/ou de grande dimensão (como são os Estados Unidos e o Reino Unido, a China, a Turquia e o México).

 

Estamos apenas perante meras indicações quanto ao desempenho externo espanhol, mas parece razoavelmente firme que se sublinhe a aparente eficácia do mesmo e, sobretudo, a sua sustentabilidade em termos de produtos e mercados. Resulta deste modo explicado muito do enorme diferencial que separa a Espanha económica da maior fragilidade que ― apesar de algumas dinâmicas transformadoras dignas de registo e ainda sem falar das que advirão das duvidosas “agendas mobilizadoras” do PRR ― teremos necessariamente de ainda reconhecer no comportamento do nosso lindo torrão lusitano.

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