Chega ao fim o dia da raríssima capicua que foi o de hoje, para mim feito de alguma correria e peso no cumprimento de várias pequenas e médias responsabilidades e funções que, com gosto e o devido sentido de missão, aceitei desempenhar.
Mas este dia da capicua foi sobretudo o dia da assimilação pelas nações ocidentais da determinante mas já esperada provocação de um Putin tresloucado ― repare-se na sua expressão e postura de ontem aquando do longo discurso pretensamente justificativo (embora fundamentalmente marcado por um vergonhoso revisionismo histórico) da invasão pela Rússia de duas repúblicas do leste ucraniano ― e o das primeiras reações retaliadoras por parte das mesmas nações ocidentais, com a União Europeia a evidenciar uma saudosa e saudável unanimidade e a Alemanha (ou, mais precisamente, o chanceler Olaf Scholz) a exibir um significativo grau de coragem na sua decisão de suspender a certificação do estratégico Nord Stream 2 (quase apetece perguntar se Merkel o teria igualmente feito).
Depois do corrupio que levou Macron e Scholz a Moscovo numa manifestação altamente criticável de cedência pública perante um autocrata sempre a jogar em casa (nestas coisas da geopolítica a coreografia conta necessariamente mais do que pode parecer), e num quadro de crença nas soluções provenientes de uma voa diplomática que sempre deveria ter limites inultrapassáveis definidos pela obediência aos princípios fundamentais e pelo rigor das proclamações, terá chegado aparentemente a hora de mexer as pedras que Putin ainda poderá minimamente temer. Sendo que a procissão ainda vai no adro...
(Luis Pérez Ortiz, “LPO”, https://www.elmundo.es)
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