(O comportamento da sociedade dinamarquesa em matéria de incidência e gestão da pandemia está obviamente no centro das nossas atenções. E há razões compreensíveis para tal: elevado nível de vacinação e de reforço da mesma com terceira dose, testagem muito alta, economia pequena mas avançada, eficaz articulação das dimensões economia e saúde, enfim outro mundo do qual por vezes nos aproximamos, mas não robusta e sustentadamente. Em tempos que apontam para o aliviar de restrições e que nos preparam para um outro modelo de convivência com a atividade do vírus, talvez valha a pena olhar para os números mais recentes deste país, que ousou, não o esqueçamos, construir um sistema de inovação a partir de setores tão prosaicos como o agroalimentar e o mobiliário, claro com TIC à MISTURA, e nunca perdendo de vista a sua pequena dimensão e até com alguma fragmentação territorial…)
Há poucos dias, a Dinamarca apresentava uma taxa de vacinação de 1ª dose de 82,6%, de 2ª dose de 81,0% e de 3ª dose 61,6%. Realizou 62.894.233 testes PCR, registou 2.399.851 casos de COVID-19, com 111.223 reinfeções e 4.109 óbitos (link aqui).
Os quatro gráficos acima reproduzidos a partir do Our World Data (link aqui) descrevem a evolução mais recente, com Omicron à solta, tanto mais de imperiosa análise quanto se sabe que a Dinamarca lidera o aliviamento de medidas de restrição. Como é possível confirmar pelos quatro gráficos assinalados, embora o número de óbitos esteja sensivelmente a 65% do seu pico na pandemia naquele país, a evolução do número de infeções e de internamentos hospitalares evidencia como será necessária muita precaução na redução de restrições, aliás como parece saudavelmente estar na cabeça das autoridades portuguesas.
E para desfazer de uma vez a indignação de todos os aqueles que se atiram à imprecisão dos nossos dados, também na Dinamarca que lidera os referenciais nesta matéria existem os problemas de distinguir entre internamentos devido ao COVID-19 e internamentos com COVID-19 e entre mortes por COVID-19 e mortes por outra enfermidade embora estando positivo. Já agora por curiosidade, talvez mórbida, as autoridades dinamarquesas conseguiram aclarar que apenas 55% dos internamentos se devem exclusivamente ao COVID e que 33% morre por outra doença embora estando positivo. Claro que os dados submetidos ao Our World Data não contemplam estas subtilezas.
Acho que uma aprendizagem para rezingão inteligente é cada vez mais necessária e que regressa a prudência com o que ela tem de arma interpretativa para uma boa ação política. Estou certo que a reunião com os especialistas de amanhã o irá confirmar.
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