Apesar da inocência das declarações e das tristes capitulações dos aprendizes políticos que grassam por esta nossa Europa (na Comissão e no Conselho, em França e em Inglaterra, na NATO e em outras organizações da área), bem acompanhados pela ocupação do espaço público com comentários duvidosos e preferencialmente otimistas, os serviços secretos americanos tinham razão quando apontavam que Putin iria seguramente invadir a Ucrânia (mais abaixo, para memória futura, as cinco últimas caixas do “Financial Times”). O que infelizmente ocorreu esta madrugada, gerando uma situação inédita no Continente desde o final da 2ª Grande Guerra Mundial e convocando todos (se caminhos de descontrolo se não sobrepuserem) para um desejável tempo de ponderação (e aprendizagem) em torno das lamentáveis escolhas e procedimentos que nos trouxeram até aqui (descontado o psicótico megalómano que é o ditador Putin, como sempre devíamos ter sabido que acabaria por suceder sem remissão).
Falo de quê? De tantas e tantas questões substantivas ou factuais passíveis de serem enumeradas, o que brevemente ilustro com a timidez das sanções que recorrentemente foram e vão sendo aplicadas (repetitivas e preguiçosas, porque largamente contemporizadoras relativamente a interesses dificilmente compatibilizáveis e não devidamente monitorizadas), com a desproporcionada aposta num Green Deal para responder à necessária urgência da transição climática (minimizando a gestão das dependência energética em presença e maximizando as lógicas nacionais e os números politiqueiros), e, talvez sobretudo, com o modo amadorístico como se tratou geopoliticamente o pós-implosão da União Soviética, o que foi visível nas ilusões voluntaristas que levaram aos alargamentos da União Europeia e da NATO (acrescido este de promessas ucranianas que alimentaram objetivamente a ascensão de gente como Zelenski). Entretanto, e para já, será o povo ucraniano o grande sofredor, restando-nos esperar ardentemente que o conflito não alastre...
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