O António Jorge Pacheco, diretor artístico da Casa da Música, colocou o Quinteto de Richard Bona no concerto de abertura do Ciclo de Jazz deste ano e recomendou com algum entusiasmo uma presença na assistência. Decidi-me nesse sentido e dei o meu tempo por muito bem gasto.
A folha de sala apresentava o simpático baixista, cantor e compositor camaronês do seguinte modo: “Já lhe chamaram o ‘Sting africano’, já o elegeram como a reencarnação de Jaco Pastorius, mas o estilo singular e electrizante de Richard Bona colocam-no para lá de qualquer comparação. Um músico autêntico, de voz cativante e técnica virtuosa no baixo, fabuloso criador de canções e sempre fiel às suas raízes. Nascido e criado nos Camarões, Richard Bona chegou a Nova Iorque em meados dos anos 90 e deslumbrou multidões com o seu som invulgar e a sua presença em palco. Mostrou a sua verdadeira personalidade com uma estreia impressionante, em 1999: Scenes From My Life. Em 2002 percorreu o mundo como membro do Pat Metheny Group, e mais recentemente criou o grupo Mandekan Cubano, que mergulha nas raízes africanas, sul-americanas e cubanas. Com sete álbuns editados e múltiplos prémios, seduz de igual forma os públicos do jazz, da pop, do afro-beat e do funk.” Ou, citando o “Los Angeles Times: “Imagine um artista com o virtuosismo de Jaco Pastorius, a fluidez vocal de George Benson, o senso de canto e harmonia de João Gilberto, tudo misturado com a cultura africana.”
E foi, de facto, um espetáculo verdadeiramente surpreendente, muito pelo talento de Bona mas também pela enorme qualidade dos seus acompanhantes (Alexandre Herichon no trompete, Ciro Manna na guitarra, Michaël Lecoq no teclado e Nicolas Viccaro na bateria) ― uma sonoridade incrível e singular, fundindo raízes africanas, sul-americanas e cubanas, uma voz magistral, muito virtuosismo jazzístico e uma rara capacidade de envolvimento do público encheram-me a noite de modo arrebatadoramente diferente.
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