A vertiginosa depreciação do rublo tem sido um dos principais efeitos da justa e inédita escalada de medidas europeias e ocidentais contra o país (sendo a mais importante a remoção dos principais bancos russos do sistema de mensagens interbancárias SWIFT e o congelamento dos ativos do banco central da Rússia, assim limitando a capacidade do país aceder às suas reservas no exterior e promovendo o seu tendencial isolamento da economia global). Com efeito, a moeda russa estava hoje a ser negociada quase a 109 por dólar americano, tendo caído cerca de 36% no espaço de uma semana (mais 28,7 rublos por dólar) em notória comparação negativa relativamente a uma queda de apenas 7,8% ao longo do ano precedente. Sendo que a reação possível do banco central russo também já ocorreu por via de uma elevação da sua taxa de juro (de 9,5% para 20%) e de uma proibição de os estrangeiros venderem títulos localmente.
Não obstante, e decorrendo do atrás explicitado que a situação económica da Rússia irá sofrer visivelmente, com inevitáveis reflexos sobre o bem-estar do seu povo, o certo é também que os responsáveis russos se prepararam para tais efeitos ao longo de anos, o que os cinco gráficos anteriores ajudam a ilustrar: uma balança de transações correntes com excedentes recordes, uma diversificação estratégica dos parceiros comerciais (com especialíssimo enfoque nas relações com a China, sobretudo após o incidente da Crimeia em 2014) e um nível confortável de reservas totais acumuladas (com o adicional de uma dependência controlada no tocante às potências ocidentais). Dito isto, o que importa voltar a sublinhar é o momento histórico que está a ser vivido quanto aos termos nunca vistos como o Ocidente, e especialmente a União Europeia, está a reagir à provocação de Putin, quer pela coragem revelada em algumas decisões (com destaque para o caso da Alemanha, nos complexos casos do Nord Stream 2 e do SWIFT) quer pelo seu foco, alcance e rapidez. Já para não falar do determinante financiamento da compra e entrega de armas à Ucrânia, que muda de forma total a configuração até agora dita “pacífica” da União, e do modo como a solidariedade para com os refugiados tem vindo a estar unanimemente patente em todos os países que fazem parte do clube dos Vinte-e-Sete. Tudo a acompanhar a heroica e brava resistência dos ucranianos como pano de fundo absolutamente dominante.
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