Estamos a dez dias da posse do XXIII Governo Constitucional, um governo que será marcado pela maioria absoluta conquistada por António Costa e pela forma como este vai decidir encará-la e geri-la (marketing à parte, entenda-se!). Neste momento, e fazendo fé nas declarações do próprio e nas notícias que vão saindo, o que sabemos é pouco mas talvez já suficiente para nos permitir o risco de alguns vaticínios: sabemos que Costa pretende ter um governo mais enxuto, que funcione como uma espécie de task-force para a recuperação pandémica e económico-social do País (as expressões são dele), o que corresponderá a passar de 19 ministros (governo atual) para um máximo de 14 (que poderão ser menos se conseguir a proeza de montar uma equipa de combate, composta por “superministros” responsáveis pela supervisão das grandes áreas de governação eleitas como determinantes); sabemos que Costa está agarrado ao seu grupo de próximos (a sua gente, na expressão do “Expresso”), o que significará, pelo menos, bem mais de meia-dúzia de quadros políticos ministeriáveis (Medina, Mariana, Ana Catarina, Cordeiro, Pedro Nuno, Siza, Carneiro e Antunes, além do chefe de gabinete Escária); sabemos que Costa gosta de funcionar de acordo com uma certa modernidade, sendo a de género uma das que está mais à mão (embora dificultada pelo número de mulheres adequadamente adaptadas aos lugares em causa); sabemos que Costa não verá sem reservas a dispensa de algumas figuras que o acompanham há anos, mas sabemos também que de muitas delas terá que se ver livre se quiser dar o sinal de renovação que prometeu (sendo que, além do já afastado Cabrita, Augusto Santos Silva, Francisca Van Dunem e João Leão lhe terão facilitado a vida, declarando-se fora). Considerando tudo isto, o que implica nove ministros amigos (os nove acima) a arrumar nos melhores domínios possíveis mais três ministras a manter para reequilibrar o género e mais dois independentes a recrutar para devida evidência de abertura, arrisco uma hipótese de trabalho (ver abaixo, sendo a ordem dos nomes relativamente arbitrária e algumas trocas de postos passíveis de ocorrer), certamente falível no seu todo ou em parte(s), mas uma hipótese que me parece ser, ao dia de hoje, algo que não estará excessivamente longe do que vai passando pela cabeça do primeiro-ministro. Neste quadro, quatro ministros sairiam por vontade do chefe do governo (João Gomes Cravinho, Nelson de Souza, Maria do Céu Antunes e Ricardo Serrão Santos) e cinco outros sairiam por força da necessidade mas indesejavelmente para os dois lados (Tiago Brandão Rodrigues, Graça Fonseca, Manuel Heitor, Ana Abrunhosa e João Pedro Matos Fernandes). Às tantas, sai tudo ao contrário do que segue, cabendo-me desde já aqui deixar antecipadas desculpas pelo sucedido; umas desculpas que serão, contudo, merecedoras de aceitação dado o facto de eu poder jurar que o exercício foi construído de boa-fé e procurando assentamento em fundadas bases.
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