domingo, 26 de novembro de 2023

TRIBUTO A MARISA MONTE

Desta vez não podia perder a passagem pelo Porto (Super Bock Arena) de Marisa Monte, para mim um dos maiores expoentes da música popular brasileira e alguém que aos 56 anos ainda está no auge da sua carreira. O concerto foi muito bom, quer pela qualidade rara da voz da artista e pela simpatia da sua presença em palco quer pela equilibrada escolha do elenco de canções que interpretou (entre clássicas e mais carismáticas e outras mais recentes e novas, designadamente saídas do seu mais recente álbum “Portas”, entre as de maior sucesso da sua carreira a solo e as provenientes de parcerias em toda uma gama de projetos com outros autores).

 

Um outro aspeto digno de nota foi o modo original como Marisa fez questão de apresentar, entre as canções, cada um dos oito magníficos músicos que a acompanhavam: de Dadi (baixo, teclado e guitarra), com ela há 17 anos e referido como tendo começado nos “Novos Baianos” e como tendo sido o “muso inspirador” da música “Leãozinho” de Caetano Veloso, ao pernambucano António Neves (trombone, adaptações e arranjos de metais), de Pupillo (bateria), que associou ao ritmo dos “Nação Zumbi”, a Chico Brown (teclado, guitarra, baixo e voz), filho de Carlinhos e neto de Chico Buarque, do histórico Davi Moraes (guitarras) a Pretinho da Serrinha (percussão, cavaquinho e voz), com quem homenageou a sua velha escola de samba (Portela), de Lessa (flauta e saxofone) a Eduardo Santana (trompete, “bacharel” após ter sido futebolista e modelo).

 

Além de vários momentos portadores de ótimas e mais ou menos longínquas recordações (“Beija Eu” ou “Ainda Lembro”, de lá mais atrás, como “Amor I Love You” ou “Vilarejo”, de há pouco mais de vinte anos), foi emocionante aquela referência que Marisa fez a Rita Lee (“deu voz a tantas de nós”) e a correspondente interpretação de “Doce Vampiro”. Assim como foi brilhante o modo como, após três encores, Marisa soube sair subtilmente, desaparecendo numa penumbra bem trabalhada após ter conseguido deixar o auditório a cantar isoladamente “Bem que se Quis”, entoando, designadamente, “Já me esqueci / De te esquecer porque / O teu desejo / É meu melhor prazer”.

 

Marisa prometeu regressar e decerto que por cá ficaremos a esperar sentidamente que cumpra depressa a sua promessa.

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