terça-feira, 28 de novembro de 2023

O RISCO DE POBREZA NO TERRITÓRIO

(Elaboração própria a partir de https://www.ine.pt) 

Uma das notícias do dia veio da publicação pelo INE de dados atualizados sobre a evolução da taxa de risco de pobreza em Portugal (em geral e após transferências sociais, com detalhes de múltipla configuração ― sexo, idade, composição do agregado familiar, nível de escolaridade, privação material e social ― e que a comunicação social e alguns comentadores se encarregaram de trazer a lume conforme foram podendo). Deixei por isso de lado a hipótese de repetir as mais comuns análises e apreciações sobre a matéria (designadamente a que predominou, a saliência como aspeto essencial o do crescimento registado pela taxa de risco de pobreza no último ano) e decidi aqui concentrar-me sobre três das principais ilações retiráveis dos valores observados em termos de distribuição regional (NUTS II) dos dois indicadores mais relevados (as taxas de risco de pobreza antes e depois da intervenção corretiva do Estado): (i) os valores mais gravosos, embora em queda, são encontrados nas Regiões Autónomas (Madeira e Açores), estando também o Algarve acima dos valores nacionais médios; (ii) enquanto o Centro e o Alentejo veem as suas taxas reduzirem-se significativamente no período considerado (2018/23), o Norte apresenta uma tendência de relativa estabilidade que é indicidora da presença na sub-região de bolsas de pobreza a merecerem atenção (certamente e sobretudo em algumas das suas maiores cidades); (iii) a Área Metropolitana de Lisboa evidencia uma evolução curiosa e preocupante ao surgir como a única sub-região em que a exclusão social aumenta no período para o conjunto dos dois indicadores, convergindo assim os seus valores para uma média indiferenciada. Daqui decorre diretamente a clara compatibilidade desta informação com outras relativas à situação da Capital e que aqui temos vindo a fazer ressaltar com a possível insistência (seja a da fragilidade/esgotamento do modelo centralista de desenvolvimento ou a da acrescida likelihood de a mesma estar caída numa armadilha de desenvolvimento  veja-se o meu post de 27 de abril). Quando tomaremos consciência de que a nossa sociedade está há tempo demais a funcionar no arame, com as suas zonas mais ricas e de maior dinamismo potencial perdidas no seu irritante autocentramento e numa capacidade aparente de atração que mais não é afinal do que uma concentração explosiva e ingerível de pessoas e recursos?

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