Pela primeira vez, tremo seriamente em certas componentes da análise do terramoto político-social que se abateu sobre Portugal. Tudo depois de ontem António Costa ter decidido fazer uma comunicação ao País a partir de S. Bento, deixando no ar uma dúvida imensa acerca do que poderá estar para vir por aí; e confesso até que, ao longo do dia, me deixei afetar por algum grau de nervosismo miúdo que o assunto e a incerteza me suscitavam. No fim, uma avaliação pelo preto ou pelo branco que se me tornou praticamente impossível, entre o tremendismo das interpretações (diferentes mas de sentido igualmente preocupante quanto à gravidade do que pode estar em causa neste processo em sede de (des)estruturação do poder judicial e de enormidade de riscos democráticos ― sim, porque a democracia não aguenta tudo!), designadamente na palavra de Alexandra Leitão e de Pacheco Pereira em “O Princípio da Incerteza” (um programa que recomendo ao leitor como a não perder), e o mau gosto da forma escolhida pelos “marketeiros” ao serviço do ainda primeiro-ministro (a presença carinhosa da mulher, as esfarrapadas e parciais desculpas aos portugueses, os amigos que afinal não existem quando se está no poder, os recados quase pueris deixados aos decisores da Administração ou dos Governos), já para não referir as objetivas interferências no processo que algumas das elucubrações de Costa indiscutivelmente significaram (ademais com os detidos em interrogação em momento simultâneo, como bem salientou Lobo Xavier). Fico-me, portanto, por uma indefinição não definitiva em relação àquilo que de mais essencial importará valorizar em tudo isto, sempre na certeza de que o País já perdeu muito (em imagem externa e em solidez democrática por parte dos cidadãos) e de que não devemos regatear esforços em relação a tudo quanto ainda possa ser feito para evitar males piores. Com o temor imenso de que muito de mau/péssimo ainda estará para vir à tona, sem que se perceba haver alguém em condições de tomar conta do leme...
domingo, 12 de novembro de 2023
COSTA A CONTAS COM A SUA TARDIA INTROSPEÇÃO?
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