Insisto no tema Espanha (acima, as caras do governo “feminista” e predominantemente construído a partir do PSOE que Pedro Sánchez nomeou), por força de uns dias no exterior em que fui chamado a participar em debates algo conflituais sobre a matéria.
Para além de um contraponto entre a definitiva afirmação matadora do presidente do governo espanhol (em tempos considerado um aprendiz do nosso Costa) e aquilo que seriam as suas manifestações de uma autofágica ambição, a centralidade dos argumentos em jogo focou-se na questão magna de saber se pode ou não valer tudo para impedir a aproximação da extrema-direita ao poder: de um lado, os velhos defensores dos grandes princípios e valores constitucionais e socialistas, segundo os quais há linhas vermelhas de atuação que não devem nunca ser ultrapassadas (como são, no caso, os de uma amnistia altamente discutível e suscetível de forjar novos focos de tensão independentista ou os de um favorecimento objetivo das forças partidárias que afastam a Catalunha de uma Espanha unida, ademais através de perdões unilaterais de dívida à mistura); do outro lado, os mais compreensivos em relação às escolhas e à prática “sanchista” (qualquer que entendam ser a motivação deste), batendo completamente na tecla da prioridade associada a barrar o “Vox” para permitir manter o país no que entendem ser a senda determinante de um continuado progresso democrático.
Como sempre acontece nestas situações, os racionais de clivagem apresentam-se sólidos nos dois sentidos e um resultado final concludente fica por apurar ― a única coisa que sabemos de objetivo é que as ruas protestam agitadamente contra o “negócio”/”capitulação” de Sánchez e que as sondagens parecem indicar uma maioria de espanhóis a favor do PP e de Feijóo, isto para além das notórias dificuldades que existirão por parte do governo para gerir as múltiplas sensibilidades internas e reivindicações externas que se irão obrigatoriamente exprimir, criando à maioria de investidura autênticas encruzilhadas para que sejam logrados mínimos de durabilidade e consequente estabilidade; ou seja, se tivesse de apostar, o que felizmente não é o caso, eu sempre iria por um futuro próximo para Espanha dominado por significativas convulsões sociais e manifestações de ingovernabilidade política, com necessários reflexos negativos na economia do país.
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